E-commerce

Alta de imposto pode por fim às varejistas asiáticas?

19 mar 2023, 14:30 - atualizado em 17 mar 2023, 15:24
Jackie Chan Shopee
Shopee e Shein já respondem por um faturamento de mais de R$ 10 bilhões no país (divulgação Shopee / Edição: Júlia Shikota)

Não é de hoje que varejistas brasileiras, como Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3) e Havan, de Luciano Hang, reclamam na tributação dos players estrangeiros, especialmente das asiáticas, como Shopee e Shein.

Para a XP Investimentos, se isso ocorrer, as empresas estrangeiras podem sofrer perdas significativas.

Os brasileiros pedem inspeção mais rigorosas dessas plataformas, uma vez que as compras cross-border  (comércio transfronteiriço entre dois países) abaixo de US$ 50 feitas entre dois indivíduos sem fins comerciais estão isentas de impostos.

Atualmente, lembra, parte significativa do GMV (valor bruto de mercadoria) gerado pelas plataformas estrangeiras se enquadra no limite de US$ 50, que é isento.

No entanto, as empresas brasileiras argumentam que a Shein não é uma plataforma P2P e, portanto, deve ser tributada independentemente do valor do pedido, levando os varejistas locais a exigir uma regulamentação atualizada das autoridades, argumentando que o governo está deixando até R$ 14 bilhões em impostos para trás anualmente.

“Se a tributação for aprovada, as compras cross-border podem perder o principal apelo dos consumidores, uma vez que estimamos que os preços da Shein estão 50%-64% abaixo de LREN, GUAR, CEAB e Hering“, discorrem os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday.

Ambas as plataformas, Shopee e Shein, já respondem por um faturamento de mais de R$ 10 bilhões no país.

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Outra entrave

Além da questão tributária, a XP aponta outro problema para as plataformas de e-commerce estrangeira:  o desenvolvimento de operações locais (fornecedores, vendedores, logística).

“Nesse sentido, apesar da possível tributação de plataformas internacionais estar novamente em pauta, acreditamos que o cenário competitivo para as plataformas de e-commerce e varejistas de média renda continuará desafiador, enquanto vemos a capilaridade das lojas físicas e a logística como vantagens competitivas dos players locais”, discorre.