Comprar ou vender?

Alta das ações da Minerva e Marfrig por China está só no começo

09 set 2019, 20:20 - atualizado em 09 set 2019, 20:25
Mercado aposta em mais liberações com uma nova rodada de inspeções chinesas nas próximas semanas (Foto: Money Times)

As ações da Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) subiram forte nesta segunda-feira (9) em resposta ao anúncio de que a China autorizou 25 unidades de produção de carne a exportar ao país. O mercado avalia, contudo, que esta mudança de postura, esperada desde o início do ano para começar, deve resultar na liberação de mais frigoríficos até o final do ano.

O ministro da Agricultura, Orlando Ribeiro, disse hoje em um evento que “buscará a aprovação para que mais instalações de produção de carne possam exportar à China” e que o governo está trabalhando com o país asiático para introduzir um sistema de pré-aprovação aos estabelecimentos.

O otimismo de Ribeiro e do mercado vem do fato de que o Brasil havia entregue à China uma lista de aproximadamente 30 unidades frigoríficas para serem habilitadas a venderem para lá. Passados quatro meses, desde que a missão oficial do governo veio de lá, a China apresentou seu aval para 17 plantas, além seis de aves, uma de suínos e mais outra de jumentos.

Conforme apurou o Money Times, o ritmo decisório lento, inclusive a inspeção virtual nas plantas, deixou o mercado em expectativa muito grande, a ponto até de uma segunda visita da ministra da Agricultura e Pecuária (Mapa), Tereza Cristina, ter sido cancelada o mês passado. Chegou-se até duvidar de que pudesse haver alguma novidade antes da visita do presidente Jair Bolsonaro à China, em outubro.

“Enquanto a aprovação das novas plantas brasileiras por parte das autoridades chinesas era esperada desde o início do ano, os investidores não têm precificado este fato à diversos atrasos”, lembram os analistas Leandro Fontanesi e Ricardo França do Bradesco BBI.

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A capacidade de exportação da Marfrig para a China cresceu em 100% (Foto: Money Times)

O que foi aprovado

A Marfrig, que recebeu 2 novas liberações, passou para 11 unidades com permissão, sendo 5 no Brasil, 4 no Uruguai e 2 na Argentina. A estimativa de Fontanesi e França é de que a capacidade de exportação para a China cresça em 100%, cerca de 3 mil cabeças por dia.

A Minerva informou que as duas unidades liberadas hoje têm capacidade de abate de um total de 3.500 cabeças de gado por dia. Agora são 3 aprovadas pelos chineses. Considerando o Uruguai e a Argentina, o total vai a 7.

As duas unidades liberadas da BRF representam uma capacidade diária de abate de 300 mil aves e 5 mil suínos. A empresa, agora, tem 9 plantas autorizadas a exportar para a China, sendo 7 de aves e 2 de suínos. O Bradesco estima que isso represente um aumento de 50% na capacidade de exportação de suínos e de 30% para frangos.

A JBS não teve aprovações.

A JBS, ao menos nesta rodada de inspeções, não teve nenhum novo frigorífico liberado

O que vem por aí

Para o Bradesco, a expectativa é de que mais plantas brasileiras possam ser aprovadas para exportarem para a China ainda em 2019. As estimativas levantadas no mercado chegam a 78.

É esperado também que a uma nova rodada de inspeções via videoconferências aconteça nas próximas semanas. Ou seja, ainda há espaço para novas altas em um fato longe de estar precificado corretamente pelo mercado.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
gustavo.kahil@moneytimes.com.br
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.