Alphabet (GOOGL) não ‘está com sorte’: Balanço mostra queda em setor estratégico para receita e ações caem 6%
As ações da Alphabet (GOOGL;GOOG34), empresa parental do Google, marcam quedas superiores a 6% no início do pregão desta quarta-feira (26), após a empresa reportar resultados decepcionantes. No ano, a Alphabet já caiu 32%.
Entre julho e setembro de 2022, a titã de tecnologia teve uma receita de US$ 69,09 bilhões, um aumento de 6,10% na base de comparação anual, mas inferior ante uma expectativa de US$ 70,58 bilhões. O lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) de US$ 1,06 também veio 15% abaixo do consenso, que estimativa US$ 1,25.
O cenário macroeconômico adverso, marcado pela alta de juros e a apreciação do dólar, fez os gastos com anúncios aumentarem significativamente no trimestre, provocando o menor crescimento de receitas para a empresa desde 2013.
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Como aponta William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, “o crescimento de receita entre 2021-2022 é quase sete vezes menor do que o número apresentado pela Alphabet entre 2020-2021, quando a receita cresceu 41%”.
O único destaque positivo para a empresa veio do crescimento de receitas do Google Cloud de 38% e acima do esperado pelo mercado; no entanto, o segmento ainda reporta prejuízo, o qual passou para US$ 699 milhões de US$ 644 milhões. De forma agregada, o lucro apresentou queda de 26,5%, saindo de US$ 18,9 bilhões no 3T21 para US$ 13,9 bilhões nesse trimestre.
Face ao aumento dos custos e à supressão das margens de lucro para a empresa, o CEO da Alphabet já havia ido a público para dizer que pretendia tornar a empresa 20% mais eficiente, sugerindo espaço para cortes na força de trabalho e em produtos.
Ontem, Sundar Pichai ratificou o compromisso com a eficiência ao dizer que “estamos afiando nosso foco em um conjunto prioritário de negócios e produtos”.
Menor venda de anúncios teve peso importante no resultado negativo
Conhecida por ser a empresa que mais vende anúncios digitais nos Estados Unidos, a Alphabet viu o aperto monetário conduzido sobre a economia americana surtir efeitos na demanda pelo produto-chave da empresa.
A Alphabet viu o crescimento de receita com anúncios do mecanismo de buscas crescer 4,2% no trimestre, ante a previsão de 8%. Ainda que modesto, o crescimento mostra, segundo Richard Camargo, analista da Empiricus, que o segmento é um “símbolo de resistência” face às dificuldades que o mercado de anúncios deve começar a enfrentar a partir de agora.
O segmento de anúncios no YouTube, no entanto, não teve a mesma resiliência: caiu 2%, para US$ 7,1 bilhões, aquém das estimativas dos analistas. Esse foi o primeiro declínio em receita na venda de anúncios para a plataforma de vídeos desde que a empresa parental começou a reportar separadamente sua performance em 2020.
A tendência de desaceleração em anúncios já era esperada pelos mercados antes dos resultados das big techs, e deve assombrar também as competidoras diretas da Alphabet.
Em meio ao cenário mais desafiador para a gigante da tecnologia, Richard Camargo aponta que o valuation da empresa, negociado a 19 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, está desajustado à capacidade de retorno da empresa no curto prazo.
Tendo isto em conta, por mais que os ventos soprem contrariamente, a “Google/Alphabet segue gerando muito caixa e é cada vez mais vocal em realizar recompras de ações”, destaca.
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