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Alpargatas quer se consolidar como uma companhia global

22 jun 2022, 8:05 - atualizado em 22 jun 2022, 8:37
Alpargatas
Os controladores da Alpargatas estão se reunindo para definir os próximos passos da estratégia de ser uma “casa de marcas global” (Imagem: Facebook/Havaianas)

Depois de seis meses, a Alpargatas (ALPA4), dona da marca de chinelos Havaianas, concluiu aquela que foi a sua maior operação: em maio, pagou a última parcela dos US$ 475 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) por 49,9% da grife americana de calçados Rothy’s – e com a opção de compra dos 50,1% restantes em até quatro anos.

Agora, o presidente da companhia, Roberto Funari, está se reunindo com os controladores da Alpargatas para definir os próximos passos da estratégia de ser uma “casa de marcas global”.

“Tivemos uma virada grande nos últimos anos, com uma nova governança e orientada a longo prazo. A empresa não tinha essência, e tivemos de realizar uma racionalização do portfólio”, diz Funari.

Esse processo foi iniciado com a mudança no controle da companhia há cinco anos, quando o grupo J&F, dos irmãos Batista, vendeu a sua participação para a Itaúsa, Cambuhy e Brasil Warrent. E, em 2019, após passar um ano no conselho, Funari assumiu o comando da empresa e colocou em prática um plano de desinvestimentos.

A Osklen, por exemplo, foi vendida para o Grupo Dass, dono de marcas como Umbro e Fila, em um negócio que gerou prejuízo para a Alpargatas, que havia desembolsado mais pela grife em 2014. A empresa também se desfez de todo o portfólio esportivo: Topper e Rainha foram vendidas em 2015 para o empresário Carlos Wizard Martins, e a Mizuno foi negociada com a Vulcabras em 2020.

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Portfólio atual

Hoje, a Havaianas, com foco na moda acessível, e a Rothy’s, que chega para ser a marca premium da Alpargatas – público que já atinge nos EUA e na Europa -, são os principais negócios da companhia, que tem ainda a Dupé, com uma representação bem pequena no faturamento.

A Rothy’s é conhecida por seus calçados sustentáveis (feitos de garrafa pet) e pelos preços altos (acima dos US$ 100). Como o foco é em sapatilhas fechadas e tênis, é vista pela Alpargatas como complementar ao portfólio da Havaianas, que tem uma pequena participação nesse segmento. “No futuro, podemos pensar em criar um portfólio de Havaianas que se encaixe no meio do caminho entre as duas marcas ou uma linha mais barata da Rothy’s. Tudo está sendo discutido.”

Mas ao mesmo tempo que o negócio parece ter um encaixe óbvio com a sua principal marca, há ainda dúvidas no mercado se a aquisição bilionária não foi cara para uma empresa que faturou US$ 32 milhões no primeiro trimestre e que teve geração de caixa negativa no mesmo período. Para pagar a operação, a Alpargatas realizou uma oferta de ações no valor de R$ 2,5 bilhões neste ano.

Para Funari, a dúvida não faz sentido e o negócio está em linha com a estratégia da empresa. Com a compra, o faturamento originado fora do Brasil da Alpargatas passou de 32% para 47%. A ideia dele é ampliar esse número o mais rapidamente possível.

Com as Havaianas, o executivo acredita que tem como alcançar uma fatia de 10% do mercado global de sandálias e chinelos, o que representaria um acréscimo de US$ 900 milhões ao faturamento no médio prazo para a marca brasileira, meta que tem a estratégia digital como fundamental. Por isso, a empresa comprou por R$ 200 milhões, em 2021, a empresa de software Ioasys, que criou um e-commerce global.

Desconfiança

Embora os planos sejam ambiciosos, a Alpargatas ainda precisa convencer o mercado da estratégia. A companhia tem uma das maiores quedas no Ibovespa no ano – de 45% desde janeiro. “A aquisição da Rothy’s pegou o mercado de surpresa. Porém, olhando as pesquisas de mercado, o negócio faz sentido e é diferenciado. E uma das maiores oportunidades está exatamente no mercado internacional”, diz Danniela Eiger, chefe de análise de varejo da XP Investimentos. A XP tem recomendação de compra para a companhia com um preço-alvo de R$ 42, mais do que o dobro do valor atual, de R$ 18,79.

Funari entende o nervosismo do mercado e afirma que o período de transição que a empresa está passando logo trará mais resultados. E completa que novas aquisições, por ora, não estão no radar. “Temos marcas resilientes e ainda não sentimos o impacto das vendas para a baixa renda e vemos um espaço grande para crescer no atual momento da moda, que mistura design com conforto”, diz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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