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Alpargatas (ALPA4): Mercado internacional pode ser ‘pedra no sapato’; confira recomendação do UBS BB

02 ago 2024, 8:38 - atualizado em 02 ago 2024, 8:38
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Com oportunidades de crescimento limitadas no Brasil, Alpargatas enfrenta dificuldades em expansão internacional (Imagem: Facebook/Havaianas)

O UBS BB iniciou a cobertura da Alpagartas (ALPA4) com recomendação “neutra” e preço-alvo de R$ 10. Para os analistas Vinicius Strano, Isabella Lamas e Lucca Biasi, a simplificação no portfólio brasileiro aumenta a eficiência e a normalização de volumes, entretanto, o cenário das operações internacionais permanece incerto e o caminho para a recuperação de volume no exterior pode ser volátil.

“No geral, estimamos que a margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] irá retornar para 18% até 2025, enquanto a desalavancagem financeira poderia melhorar a rentabilidade”, afirmam.

Com relação ao cenário brasileiro, o UBS BB afirma serem esperadas oportunidades de crescimento limitadas no país, já que a empresa já atingiu uma fatia substancial do mercado, em quase 60%.

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Segundo a empresa, os chinelos da Havaianas estão presentes em quase todas as casas do país, com quase 94% dos brasileiros possuindo ao menos um par. A Havaianas opera em mais de 100 países diretamente ou por distribuição de terceiros, mas é no Brasil que a empresa obtém a maior parte de seus lucros.

A expectativa é de que a receita da Alpargatas poderia crescer 11% anualmente, entre 2024 e 2025, impulsionada principalmente pela normalização do volume de vendas após um período de desestocagem.

Para a margem Ebitda, a recuperação iria ocorrer através da normalização de volumes, aumento na eficiência seguido por simplificação no portfólio, reduções graduais de encargos de amortização e reestruturação e menores despesas de armazenamento, preços de matérias-primas mais baixos e controle de custo restrito.

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Alpargatas enfrenta competitividade e outras dificuldades em mercado nos EUA

Para o cenário internacional, a visão é de que a participação dos volumes de outros países pode continuar pequena. Enquanto no Brasil os pares vendidos em 2023 foram de 185 milhões, o número no exterior é de apenas 23 milhões.

A maior parte dos compradores de Havaianas no mercado externo está concentrada na Europa, continente que constitui aproximadamente 65% do volume internacional. Entre o final de 2022 e o começo de 2023, a companhia começou a transicionar seu provedor de logística no continente, gerando demoras e afetando vendas na região.

“Apesar desses desafios, a Havaianas possui um reconhecimento de marca robusto na Europa. Além disso, a empresa está aumentando o seu investimento em marketing e poderá aproveitar os Jogos Olímpicos de Paris para reforçar a presença da sua marca”, afirmam.

Os analistas do UBS BB complementam que, com uma fundação forte de sua marca, estratégias de preços otimizadas e níveis de serviço aprimorados, os desafios no continente podem ser superados.

Um cenário não tão otimista assim é encontrado nos Estados Unidos (EUA), país que contribui com 14% do volume internacional e apresenta desafios financeiros para a Alpargatas.

No país, a empresa enfrenta competição com outros fabricantes de chinelos mais baratos e produtos falsificados, além de desafios ao competir com marcas de alto padrão. Os analistas também pontuam a dificuldade de atingir a escala econômica necessária para fornecer suporte aos atuais custos estruturais da Havaianas no país.

Eles afirmam não esperar uma solução fácil para os problemas enfrentados nos negócios nos EUA, apesar de que manter alguma presença no país seja importante para garantir a visibilidade da marca.