Alpargatas (ALPA4) despenca 18% após números do 4T22; o que fazer com a ação?
A Alpargatas (ALPA4) despencou no Ibovespa (IBOV) nesta sexta-feira (10). A ação fechou em queda de 18,68%, a R$ 9,58.
O movimento acontece após a empresa reportar prejuízo de R$ 21 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22).
Para a XP Investimentos, a fabricante de calçados apresentou um 4T22 fraco. A corretora destaca que o trimestre veio abaixo das estimativas, que já eram conservadoras.
Danniela Eiger e equipe comentam, em relatório, que o trimestre veio afetado por uma dinâmica de receita pressionada pelo cenário macroeconômico mais desafiador no Brasil.
O time de análise também pontua ajustes operacionais no lado internacional e despesas com reestruturação atingindo o valor de R$ 49,3 milhões.
Além disso, a XP evidencia a baixa de estoques no Brasil, EUA e China, o que levou a uma pressão de rentabilidade na margem bruta. Segundo a XP, a margem foi pressionada em 2,2 pontos percentuais.
Destaques do balanço
Para a XP, o preço e o mix no Brasil continuaram sendo o destaque dos resultados, mostrando alta de 17% na base anual. A corretora avalia que este pilar compensou a dinâmica de volume fraca no mercado doméstico, de -12% ante igual período de 2021.
A XP diz que o recuo na dinâmica de volume foi motivada pela performance do varejo alimentar. A perspectiva vai em linha com o Bradesco BBI, que diz que este fato corrobora a sua tese de um mercado interno saturado, levando a um crescimento limitado de volumes.
Os volumes internacionais cresceram 7%, com a operação de APAC e EMEA (Europa, Oriente Médio e África) compensando a fraqueza dos EUA e da China, avalia a XP.
Segundo a Terra Investimentos, a expansão no exterior é vista como um importante catalisador para a tese de investimento de longo prazo. Porém, a corretora adota uma postura de cautela com a Alpargatas.
“Vemos com cautela o investimento na Alpargatas, pelos números fracos no volume de vendas, principalmente internacional, colocando em dúvida a execução da estratégia da companhia, que tem como foco a expansão internacional”, comentam os analistas Régis Chinchila e Luis Novaes.
Na perspectiva da Terra, margens menores também demonstram uma lucratividade menor, no mesmo momento em que o negócio está perdendo tamanho.
Quando o mercado verá efeitos positivos?
De acordo com a XP, embora a Alpargatas tenha divulgado algumas iniciativas para enfrentar os desafios operacionais e macroeconômicos, os efeitos positivos mais materiais devem ser vistos somente a partir do segundo trimestre de 2023.
Já o BBI prevê um futuro onde o cenário competitivo nos EUA e em outros mercados internacionais será um desafio à companhia.
A perspectiva de ambas as casas para ALPA4 é “neutra“.