Alimentos seguem pressionando a inflação, mesmo com queda no IPCA de julho
Em julho, a inflação caiu 0,68%, desacelerando-se em relação à alta de 0,67% apurada em junho. Trata-se da menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980, e a maior deflação desde o Plano Real.
O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi melhor que o projetado pelo mercado, que apontava para uma deflação de 0,66%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, o de Alimentação e bebidas foi o que mais subiu, com alta de 1,30%, e o que teve maior impacto positivo (0,28 ponto percentual). Entre janeiro e julho, o grupo acumulou alta de 9,83%; enquanto em 12 meses, a alta já é de 14,72%.
A alimentação no domicílio é a que mais pesa: no último mês, a alta do subgrupo foi de 1,47%. No ano, o acumulado é de 11,84% e, em 12 meses, é de 17,50%.
Entre os alimentos, o maior impacto positivo no índice do mês (0,22 p.p.) veio do leite longa vida (25,46%), cujos preços já haviam subido 10,72% no mês anterior. Além disso, os preços de alguns derivados, como o queijo (5,28%), a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%) também subiram, contribuindo para o resultado observado no mês.
“Essa alta do produto se deve, principalmente, a dois fatores: primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado e o fato de os custos da produção estarem muito altos”, gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pedro Kislanov.
Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40% e impacto de 0,04 p.p. no IPCA de julho. No lado das quedas, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%), que contribuíram conjuntamente com -0,12 p.p.
A alimentação fora do domicílio (0,82%) desacelerou em relação a junho (1,26%), em virtude das altas menos intensas do lanche (1,32%) e da refeição (0,53%). No mês anterior, as variações dos dois subitens haviam sido de 2,21% e 0,95%, respectivamente.