Alienação eleitoral: Desinteresse dos brasileiros pelo voto cresce há 15 anos
O número de eleitores brasileiros que não comparecem às seções eleitorais somado àqueles que votam branco ou nulo vem crescendo a cada eleição nos últimos 15 anos.
De 2006 a 2018, a decisão de não votar ou optar pelo voto branco ou nulo cresceu 7,86% no caso da escolha do presidente da República e 9,99%, na eleição de deputados federais, mostra o estudo do Instituto Votorantim.
Enquanto um a cada quatro eleitores brasileiros não exerce o direito ao voto em pleitos presidenciais, nas eleições para governador o número apresenta variação de 10%, e para o Senado essa alienação chega ao total de 46,8% de votos válidos, ambos em relação a 2006 e 2018.
Por região, o Sudeste tem a maior taxa de alienação, chegando a 37,5% para eleições de prefeitos em 2020.
Segundo as análises do estudo, quanto mais distante do dia a dia do eleitor e menos clara a função do cargo, menor o interesse do eleitor em registrar seu voto.
Em regiões metropolitanas, por exemplo, a alienação dos eleitores chega a ser 10% maior em pleitos estaduais/federais na comparação com as eleições municipais.
Quem vota menos? E por quê?
A pesquisa do Instituto Votorantim alerta que a alienação eleitoral cresce de forma persistente sobretudo entre os jovens.
O público entre 16 e 24 anos tem o menor engajamento nas eleições. Em 2018, eleitores acima dessa faixa etária votaram quase duas vezes mais do que os jovens.
O nível de escolaridade dos eleitores é a variável que mais influencia o não comparecimento às urnas. Pessoas com ensino superior compareceram três vezes mais às urnas em comparação com eleitores que possuem apenas o ensino primário.
Outro ponto que influencia o desinteresse em escolher representantes é a baixa identificação partidária do eleitor. Os dados revelam que pessoas que se identificam partidariamente votam três vezes mais nas eleições presidenciais e duas vezes mais nas eleições legislativas que os eleitores sem nenhuma identificação ideológico-partidária.
O estudo ainda mostra que a alienação eleitoral poderia ser ainda maior no Brasil sem as urnas eletrônicas. Segundo dados analisados pelo estudo do Instituto, a adoção da tecnologia de votação por meio do uso de teclados simples reduziu de maneira relevante o número erros que resultavam na anulação de votos.
O sistema eletrônico contribuiu com uma queda de 42% dos votos nulos e brancos em eleições presidenciais e de 57% em eleições para governos estaduais entre 1994 e 2002, quando as urnas foram totalmente implementadas.
“Provavelmente, essa queda está relacionada à facilidade que a tecnologia trouxe para o eleitor indicar seus candidatos, sobretudo para as populações menos escolarizadas”, diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim.
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