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Mercado pode enfrentar “choque de realidade” após otimismo com Biden

09 nov 2020, 14:00 - atualizado em 09 nov 2020, 14:50
Mercados Ações
O S&P 500 subiu 7,3% na semana passada (Imagem: Pixabay)

O mercado acionário pode enfrentar um choque de realidade quando o otimismo com a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos diminuir, segundo alguns analistas.

Por enquanto, investidores apostam que um governo Biden limuitado pelos republicanos no Senado proporcionará certo nível de estímulo fiscal, ao mesmo tempo em que evitará medidas como aumento de impostos que poderiam prejudicar as ações.

Mas o impasse bipartidário também pode prejudicar as iniciativas para fechar um pacote de gastos e impedir outras medidas significativas em meio ao impacto da pandemia na economia.

“O velho ditado de que os mercados gostam de governo dividido, porque deixa todos em xeque-mate, em modo de ‘não causar danos’ à economia, é válido quando as coisas vão bem, mas é ouro de tolo quando não vão”, disse em relatório Steve Blitz, economista-chefe da TS Lombard.

Na ausência de uma vacina e do pacote de alívio para a Covid-19, a atividade está sendo “sufocada” pelo vírus, disse.

O S&P 500 subiu 7,3% na semana passada, a maior alta desde abril, apesar do processo eleitoral às vezes caótico e valuations muito altos.

Os otimistas se sentem mais tranquilos, em parte pelo alívio de que as eleições foram concluídas, bem como pela perspectiva de continuidade do suporte de liquidez do Federal Reserve.

“O resultado da eleição sugere que a política fiscal provavelmente não será muito generosa no futuro; se nossas premissas fiscais estiverem corretas, o momentum de crescimento deve se deteriorar nos próximos dois meses”, disse Aneta Markowska, economista financeira-chefe da Jefferies. “O Fed permanece em modo de espera, preparado e pronto para agir”, escreveu em relatório.

Os otimistas se sentem mais tranquilos, em parte pelo alívio de que as eleições foram concluídas, bem como pela perspectiva de continuidade do suporte de liquidez do Federal Reserve (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

O Goldman Sachs disse que o foco voltará a ser o desenvolvimento das vacinas após as eleições. Embora notícias de uma vacina segura e eficaz ainda neste ano possam impulsionar os principais índices acionários, atrasos significativos podem levar a um “risco de queda”, disseram os estrategistas Dominic Wilson e Vickie Chang em relatório.

Além do cronograma incerto da vacina, o rancor do presidente Donald Trump por ter perdido as eleições, sua relutância em admitir a derrota e os processos nos tribunais também representam riscos.

Muitos estrategistas permanecem otimistas e ainda esperam perspectivas positivas pela frente. Brian Levitt e Kristina Hooper, da Invesco, escreveram em relatório que a possível distribuição de uma vacina, política monetária frouxa e rendimentos de títulos baixos estão entre fatores positivos para as ações.

O Goldman Sachs disse que o foco voltará a ser o desenvolvimento das vacinas após as eleições (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

O presidente eleito planeja anunciar sua força-tarefa de transição para o coronavírus na segunda-feira e entrar em contato com congressistas para discutir o novo pacote de ajuda.

Resta saber se essas conversas “podem superar o impasse no curto prazo para revigorar a recuperação” contra o pano de fundo da propagação recorde do vírus, disse em relatório Julian Emanuel, estrategista-chefe de renda variável e derivativos da BTIG.