Algodão: consumo global precisa confirmar elevação, porque o brasileiro está no risco do avanço da covid
Ao ritmo de avanço da covid no Brasil e sob poucas expectativas positivas já para o segundo trimestre todo ou mais, a torcida do setor algodoeiro é para que as projeções internacionais sem mantenham positivas.
O principal consumidor da fibra brasileira, o próprio Brasil, pode comprar menos que as 700 mil toneladas estimadas, em torno de 30% de market share (já foi 70% há alguns anos), se os lockdowns se propagarem ou parte da população se resguardar voluntariamente. A cadeia tecelagem-vestuário-varejo sentirá.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no último Outlook, classificou o consumo global superior à produção na safra 20/21, que também vai crescer em 21/22, e pode alcançar mais 4,7% em fardos.
Mas o apetite da China limará os estoques para 3,2 milhões de fardos. Se consolidada, serão 114,1 milhões de fardos, 6,5% a menos, puxados pela perda de 24% dos Estados Unidos.
E 16% de redução no Brasil, para 2,4 milhões de toneladas, segundo dados da Abrapa, associação que reúne os cotonicultores.
Por isso que algumas fontes consultadas torcem para que se confirme esse quadro.
Se não houver retrocessos na pandemia no plano mundial, o que deverá ficar mais claro nos próximos dois meses – tanto em relação à eficácia das vacinações quanto aos efeitos das novas cepas sobre os contágios -, a eminente queda da participação brasileira no consumo não seria sentida.
Combinando negativamente os dois cenários, os ventos ficarão muito desfavoráveis.
Por enquanto, o USDA acredita em exportações do Brasil em 10 milhões de fardos e a Abrapa em 1,7 milhão/t (mantendo as 700 mil/t de mercado interno) na safra 20/21, quase 100% plantada e sofrida pela semeadura tardia e depois muitas chuvas.
No mapa de mercado sem perspectivas mais sombrias, o suporte para os 90 centavos de dólar por libra-peso está adequado, nos futuros de Nova York.
O piso pouco acima 80 c/lp para as mesmas fontes do setor é o mais indicado.
No primeiro semestre de 2020, no auge da pandemia, os registros bateram em até 48/50 c/lp. Surpreendentemente, nos primeiros dois meses do segundo semestre, com as reaberturas das economias, passou a faltar algodão.
A bolsa nova-iorquina já chegou aos 93 c/lp. Nesta sexta (5), o contrato para entrega em maio encontra-se em 86.41 c/lp, perdendo mais 0,80%.