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Alex Nascimento: o incontestável crescimento do mercado de tokens de valor mobiliário (STOs)

16 ago 2021, 16:08 - atualizado em 16 ago 2021, 16:11
Entenda, neste artigo por Alex Nascimento, cofundador do UCLA Blockchain Lab, quais são os fatores que impulsionam a adesão e o crescimento do mercado de tokens de valor mobiliário (Imagem: Unsplash/Executium)

De ações e títulos de divida a imóveis e obras de arte, os tokens de valor mobiliário (ou security tokens) representam ativos reais em um ecossistema digital decentralizado.

Dentre esses tokens, os títulos divida têm despontado como o ativo mais tokenizado em razão das diretrizes legais estarem mais avançadas para este tipo de ativo.

Possivelmente, vão se tornar o principal produto financeiro tokenizado e impulsionar o desenvolvimento regulamentar de outros ativos reais a serem tokenizados.

Valores mobiliários tokenizados podem ser negociados em mercados globais 24/7, proporcionando a conciliação entre pools de liquidez com um crescente pool global, garantindo novas oportunidades de investimento e viabilizando a negociação de ativos de propriedades fracionárias.

Essa inovação financeira tem gerado a constituição de regulamentações novas e específicas e, consequentemente, concretizando a progressão da adesão pelo mercado tradicional de tokens de valor mobiliário.

Estudos recentes têm efetivamente demonstrado esse crescimento ao redor do mundo.

Segundo um relatório emitido pela area2invest, empresa prestadora de serviços financeiros digitais, o mercado de tokens de valor mobiliário poderá atingir US$ 3 trilhões em 2025, devido ao crescente número de empresas com projetos baseados em “security token offerings” (STOs).

Expectativa de crescimento do mercado de STOs até 2025 (Imagem: AreaInvest)

Essa expansão do mercado também foi comprovada pelos dados apresentados pela tZERO, a maior bolsa de STOs do EUA, onde foram negociados US$ 54 milhões em tokens de valor mobiliário em 2020, um crescimento de mais de 10 vezes em comparação a 2019.

Diante da adoção do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos Estados Unidos  (SEC) vem manifestando sinais positivos de avanços regulatórios, permitindo a realização da oferta de token de STO, operada pela INX, bolsa de criptomoedas, que atingiu mais de US$ 125 milhões em arrecadação de recursos. 

Similarmente, a Europa tem realizado avanços, indicando um aumento de 81% no volume de mercado de tokens de valor mobiliário lastreados em imóveis, títulos de dívida e moedas fiduciárias para os próximos cinco anos.

Poderá atingir 918 bilhões de euros até 2026, de acordo com um estudo realizado pela consultora em blockchain Plutoneo, pela Escola de Finanças e Gestão de Frankfurt e pela provedora de custódia digital Tangany.

A Comissão Europeia também prevê a criação de um regulamento direcionado ao mercado digital, que deve ser emitido até 2023.

A B3 já é lar para quatro fundos de índice (ETFs) de cripto no Brasil. A tendência é que cada vez mais brasileiros se exponham indiretamente a criptomoedas (Imagem: Linkedin/Divulgação)

Já no Brasil, a B3 apresentou dados impressionantes sobre o número de pessoas físicas que possuem contas ativas em Bolsa: 620 mil investidores (2017), 1,7 milhões investidores (2019) e 3,2 milhões de investidores (2020).

Esse número tende a crescer nos próximos anos, devido a inovações digitais, baixas taxas de juros e expansão da oferta de produtos e educação financeira no país.

Diante destes valores, a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), em parceria com o Laboratório de Inovação Financeira (LAB), criou o “Projeto Tokenização”, que debate regras para a tokenização de ativos no Brasil.

A CVM também anunciou o lançamento de um estudo para modernizar o mercado de investimentos brasileiro, com perspectivas para a regulamentação de ativos digitais de valores mobiliários.

O mercado de criptomoedas também tem impulsionado o cenário de tokens de valor mobiliário.

O ether (ETH) alcançou um aumento de 300% em 2021 e com perspectivas ascendentes no valor do bitcoin (BTC) podendo atingir US$ 100 mil, de acordo com Mike McGlone, analista da Bloomberg, proporcionado pelos seus respectivos halvings e maturidade do mercado.

As criptomoedas lideram a adesão de ativos digitais por investidores de varejo que começam também a demandar tokens de valor mobiliário. 

Dessa forma, novos participantes têm adotado o mercado de tokens de valor mobiliário por proporcionar maior transparência, diversidade, facilidade de negociação e onde diretrizes regulatórias têm sido otimizadas.

Esse endosso realizado por órgãos reguladores propicia autenticidade e garantias de um mercado digital com acesso mais simples, seguro, assim como, maior adesão de instituições que até o momento, não se engajaram ao mercado tokenizado. 

Alex Nascimento é cofundador do UCLA Blockchain Lab e autor do livro The STO Financial Revolution.

Confira a participação recente de Alex Nascimento no podcast Future of Money da Exame: