Alemanha apoia adiar tarifas de US$ 4 bilhões contra EUA
A Alemanha tenta restaurar as relações comerciais transatlânticas e cogita uma abordagem mais conciliatória, que levaria a União Europeia a adiar tarifas que têm como alvo US$ 4 bilhões em produtos dos EUA já na terça-feira, segundo uma autoridade com conhecimento dos planos do governo.
A Alemanha vai discutir a questão na segunda-feira em reunião dos ministros de Comércio da UE, onde Berlim pretende apoiar a retomada das relações do bloco com os EUA, em vez de intensificar o conflito comercial de 16 anos, que envolve subsídios ilegais para a Boeing e Airbus, disse a autoridade, que pediu para não ser identificada.
A Comissão Europeia, que tomará a decisão sobre as tarifas, defende as taxas.
A possível mudança de estratégia chega em um momento delicado para a UE, que adotou novas restrições para conter a propagação da Covid e tenta sair da pior recessão da história. A batalha comercial com os EUA, que já atingiu a UE com tarifas sobre US$ 7,5 bilhões em exportações por causa da disputa, não poderia vir em pior momento para o bloco.
“Precisamos de um grande e amplo acordo tarifário industrial entre os EUA e a UE”, disse o ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, na segunda-feira. “Essa oferta está sobre a mesa e é mais do que justo darmos ao governo dos Estados Unidos a oportunidade de se preparar para ela após a posse”, disse o ministro na segunda-feira à rádio Deutschlandfunk.
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse no fim de semana que seu governo faria “propostas concretas” ao governo de Washington sobre como melhorar o relacionamento e que um “novo acordo” era necessário.
No ano passado, os EUA impuseram tarifas à UE depois de vencerem uma disputa na Organização Mundial do Comércio por causa de ajuda ilegal concedida à Airbus, com sede em Toulouse, na França. Essa decisão levou o governo Trump a impor tarifas de 15% sobre as aeronaves Airbus e taxas de 25% sobre uma série de exportações europeias, incluindo vinho francês, uísque escocês e azeitonas espanholas.
Trump prometeu retaliar e “atacar com muito mais força” se a UE seguisse em frente com a própria ameaça tarifária. No mês passado, a OMC deu luz verde ao bloco de 27 países para avançar com as tarifas devido a subsídios indevidos à Boeing, que tem sede em Chicago.
A decisão sobre o prazo de quaisquer tarifas será, em última instância, tomada pela Comissão Europeia, a autoridade executiva do bloco. Valdis Dombrovskis, comissário de Comércio da UE, disse que o bloco seguirá em frente com os planos.
“Os EUA impuseram suas tarifas após a decisão da OMC no caso da Airbus, agora temos uma decisão da OMC também no caso da Boeing, permitindo-nos impor nossas tarifas e é isso que estamos fazendo”, disse Dombrovskis na segunda-feira antes da videoconferência com os ministros de Comércio, acrescentando que a UE pode suspender ou retirar as tarifas a qualquer momento.
Empresas na Alemanha, cujo comércio bilateral com os EUA soma US$ 252 bilhões anualmente, pediu que o governo da chanceler Angela Merkel evite agravar o problema depois de quatro anos de disputas com Trump.