Além de Petrobras (PETR4): 3 ações de boas pagadoras de dividendos ‘não óbvias’ que analistas indicam
Quando o assunto é dividendo, a Petrobras (PETR3;PETR4) costuma ser o primeiro nome lembrado por analistas e investidores.
Não é por acaso. A estatal surpreendeu na temporada de resultados do segundo trimestre ao anunciar a distribuição de R$ 6,73 por ação em dividendos, bem acima do que o mercado esperava. O Itaú BBA, por exemplo, aguardava dividendos de R$ 4 por ação.
O Credit Suisse acredita que a petroleira pode anunciar até US$ 9-12 bilhões em dividendos no terceiro trimestre de 2022, caso decida antecipar parcialmente a geração de caixa do quarto trimestre de 2022 para os dividendos do período.
Para a Genial Investimentos, a Petrobras deve continuar remunerando bem seus acionistas em 2023. A corretora prevê R$ 5,2 bilhões em dividendos no ano que vem, além de R$ 6 bilhões em proventos extraordinários, com rendimento em 16,6% para os dividendos regulares.
Em 2024, no entanto, os dividendos devem desacelerar a R$ 4,6 bilhões, enquanto os pagamentos extraordinários chegariam a R$ 1,2 bilhão, completa a Genial.
Boas opções no agro
O mercado de ações brasileiro está repleto de boas empresas pagadoras de dividendos. Além de Petrobras e Vale (VALE3), existem alguns setores conhecidos pelos seus proventos, como bancos e elétricas.
Cavando mais, é possível encontrar boas opções em outras áreas, defendem analistas.
Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me, citou dois papéis do agronegócio: Minerva (BEEF3) e BrasilAgro (AGRO3).
Além de pagar dividendos, essas duas empresas apresentam dinâmicas positivas, com a Minerva bem posicionada para se beneficiar de uma demanda por carne bovina brasileira e sul-americana ainda forte e a BrasilAgro colhendo os frutos dos seus investimentos.
Segundo Gentile, com o suporte da demanda na América do Sul e no Brasil, os preços da carne bovina devem se manter elevados, o que beneficia diretamente a Minerva, “significando receitas e margens fortes para a empresa”.
Além disso, completa Gentile, o frigorífico deve se beneficiar de um consumo maior no mercado chinês.
“A China, que é o principal destino das exportações da companhia, ainda não conseguiu recuperar o seu rebanho depois da gripe suína que ocorreu em 2019, e cada vez mais vemos uma ‘ocidentalização’ dos costumes por lá, aumentando o consumo de proteína bovina”, destaca.
O head de análise da Dividendos.me reforça que a Minerva tem gerado bastante caixa ao longo dos últimos anos e seu endividamento está controlado, o que permite que ela consiga remunerar seus acionistas via dividendos desde 2020.
“A tendência é de continuar, uma vez que a geração de caixa não tem indícios de parar e a empresa não demonstrou planos de realizar algum M&A (fusões ou aquisições) ou expansão de sua operação no curto prazo, resultando assim em dividendos ‘gordos’ para seus acionistas”, diz Gentile.
Em relação à BrasilAgro, Gentile afirma que, independente do mercado, a empresa está conseguindo realizar investimentos em suas terras, gerando ganhos consistentes, com uma TIR (taxa interna de retorno) média de 22% ano a ano.
Ele acrescenta que, mesmo tendo um modelo de negócio que requer bastante capital empregado, a BrasilAgro vem entregando um retorno sobre capital de cerca de 20%. Ao longo dos anos, a companhia vem remunerando seu acionista com dividend yield (rendimento do dividendo) médio de 5% ao ano.
Frederico Nobre, que lidera a área de análise da Warren, também tem a BrasilAgro no radar. O especialista destaca a estrutura dos negócios da companhia, que se beneficia da compra e venda de terras e, além de ter “muitas oportunidades de crescimento, paga também bons dividendos”.
A Warren tem recomendação de compra para a ação da BrasilAgro. Inclusive, o papel está presente na carteira recomendada de dividendos da corretora.
Novidade de boa pagadora de dividendos na Bolsa
Uma nova ação está surgindo como boa pagadora de dividendos.
Além de ser a única fabricante de armas listada na Bolsa brasileira, a Taurus (TASA4) recentemente passou por um processo de reestruturação e logo depois entrou em uma fase de crescimento, comenta Nobre.
“Ainda é uma empresa que pode crescer bastante, mas tem menos oportunidades. Reajustando toda a parte de fluxo de caixa e endividamento, é uma empresa que agora vai conseguir pagar bons proventos”, afirma o líder da equipe de análise da Warren.
De acordo com Nobre, a Taurus deve manter a distribuição de dividendos no mesmo patamar que o de 2021 (dividend yield em torno de 7%) – ou até pagar dividendos mais altos.
Por não ter se consolidado como uma boa pagadora de dividendos ainda, a Taurus não integra a carteira da Warren.
Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, afirma que a parte de geração de caixa da Taurus está forte por conta do setor e dos próprios investimentos que realizou para elevar a sua capacidade.
Piovesan destaca que a Taurus passará a ter lucro acumulado para poder pagar dividendos.
“Até o ano passado, ela tinha prejuízo acumulado no balanço. Ela zerou esse prejuízo”, lembra o especialista.
Outra possibilidade, já levantada pela empresa, é de que ela começasse a pagar dividendos trimestrais.
“Isso tornaria os dividendos mais previsíveis”, afirma Piovesan.
Com Renan Dantas
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