Além de defensiva, ação do Banco do Brasil está mais barata do que nunca
Os analistas estão alertando para o nível “atraente” das ações do Banco do Brasil (BBAS3), com múltiplos perto ao menor nível histórico.
O BB divulgou nesta quinta-feira um resultado cima do esperado, apoiado por menores provisões para perdas com inadimplência.
O lucro líquido recorrente subiu para 4,9 bilhões de reais, alta de 44,7% sobre um ano antes e acima da média de estimativas do mercado, de 4,04 bilhões de reais, segundo dados da Refinitiv.
Para o Banco Safra, os resultados foram bons, com o lucro líquido acima do estimado como resultado de uma forte queda no custo de crédito.
“Apesar do recente aumento do risco político, lembramos que as decisões do nível da diretoria no banco são colegiadas, o que evita o risco de decisões erradas ou de influência política mais direta dentro do banco”, analisam Luis F. Azevedo e Silvio Dória.
Eles veem as ações em um nível “atrativo”, com os múltiplos de preço sobre o valor contábil (P/BV), a 0,6 vez, muito abaixo dos bancos privados.
“O BB teve um desempenho significativamente inferior no acumulado do ano (-25% vs Ibovespa estável) com questões de maior governança corporativa (e direcionamento estratégico) ocasionadas pela saída do CEO no início do ano, que esperamos ser abordadas pela nova equipe de gestão na teleconferência de amanhã”, pontuam Mario Pierry e Giovanna Rosa, do Bank of America Merrill Lynch.
Eles lembram que o mesmo múltiplo citado pelo Safra está muito próximo ao menor nível histórico.
Outro lado
O Inter Research reconhece que o resultado do Banco do Brasil foi “misto”.
“O que nos preocupa são as receitas com serviços que ainda devem apresentar algum desafio de maior crescimento com o cenário competitivo de baixo custo em tarifas bancárias e outros serviços. Aliado a isso ainda temos dúvidas quanto à redução de custos com a estrutura física no BB”, escreve o analista Matheus Generoso do Amaral em um relatório enviado a clientes.
Ele lembra que o forte lucro veio da redução das despesas com PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), aproveitando de uma maior provisão realizada em 2020.
A XP Investimentos também pontua que o resultado foi fortemente impulsionado por menores provisões, “que não acreditamos ser sustentável nos próximos trimestres”.
O BTG Pactual ressalta que o ambiente mais digital brasileiro, com muitas fintechs, representa uma “grande ameaça”.
“Como o Banco do Brasil é uma empresa de capital aberto, esperamos que ele se esforce mais do que seus pares no ambiente mais digital que tem pela frente. E considerando a alta rotatividade de executivos que vimos recentemente, é difícil prever como o banco pode reagir”, apontam Eduardo Rosman, Ricardo Cavalieri e Luiz Temporini.
Recomendações
Analistas | Recomendação | Preço-alvo |
---|---|---|
Banco Safra | Compra | R$ 50 |
BofA Merrill Lynch | Compra | R$ 41 |
Inter Research | Neutra | R$ 40 |
BTG Pactual | Neutra | R$ 48 |
XP Investimentos | Compra | R$ 43 |
Média | R$ 44,44 |