Além da Coronavac: BDRs de biotecnologia podem subir 30% (e em dólar); veja as 2 favoritas
Preocupados com a segunda onda da pandemia de coronavírus e as dúvidas sobre se uma terceira já se aproxima, é fácil esquecermos que os laboratórios não produzem apenas vacinas contra a Covid-19 – além, claro, da cloroquina…
Mas, quando se olha o quadro geral, é possível encontrar empresas de biotecnologia que atuam na fronteira do conhecimento, desenvolvendo tratamentos para inúmeras doenças. E, o mais importante: algumas ações do setor apresentam um elevado potencial de alta neste ano.
É o que afirmam Luís Azevedo, Cauê Pinheiro e Sílvio Dória, que assinam um relatório do Banco Safra sobre BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de empresas do ramo.
Ações defensivas
“A indústria de biotecnologia é uma indústria historicamente defensiva, tem desenvolvido e comercializado muitas terapias inovadoras nos últimos anos, o que acreditamos dar suporte para o crescimento de receita no curto e longo prazo”, explicam.
O trio acrescenta que o ambiente é favorável a fusões e aquisições no setor, já que seu nível de endividamento “é baixo quando comparado com níveis históricos, enquanto a pandemia elevou a contribuição da indústria de biotecnologia para a máxima histórica, o que nos leva a acreditar num ambiente favorável para esse tipo de operação.”
Para quem deseja diversificar e investir nesse mercado, o Safra sugere duas BDRs que podem subir cerca de 30% neste ano – em dólar. Veja, a seguir, os papéis indicados pelo banco.
Empresa | Código | Preço-alvo (US$) | Alta potencial (%)* |
---|---|---|---|
BioMarin | B1MR34 | 108,5 | 29,5 |
Vertex | VRTX34 | 284,7 | 31 |
*sobre o último fechamento |
BioMarin
A BioMarin (B1MR34) desenvolve medicamentos para doenças raras e condições médicas graves. Segundo os analistas, há boas oportunidades comerciais para os produtos que já se encontram em estágio clínico avançado.
“As expectativas são subestimadas pelo mercado, especialmente devido à proficiência da empresa na comercialização e desenvolvimento de tratamentos para doenças raras, além de oferecerem boas oportunidades de crescimento”, afirmam.
Uma das maiores apostas da companhia é o Roctavian, para tratamento de hemofilia A grave. O Safra lembra que o medicamento sofreu recentemente um “revés regulatório”, mas adverte que ele ainda está no jogo. “O preço a que a B1MR34 tem sido negociada recentemente sugere que os investidores atribuem pouco valor à Roctavian, o que consideramos um erro”, dizem os analistas.
Vertex Pharmaceuticals
A Vertex (VRTX34) desenvolve algo que pode soar como ficção científica: terapias de pequenas moléculas para o tratamento de uma ampla gama de doenças, incluindo fibrose cística e condições inflamatórias.
“Vemos um potencial subestimado nos programas clínicos de estágio inicial a intermediário da Vertex, sem contar os projetos sobre a fibrose cística”, explicam os analistas.
O trio aponta, ainda, que “a forte confiança do paciente nos medicamentos de fibrose cística da VRTX e a competição limitada com a franquia apoiam esforços de pesquisa e desenvolvimento de outros segmentos, lucratividade crescente de longo prazo e forte fluxo de caixa livre.”
O destaque deste ano deve ser o Trikafta, para o tratamento de fibrose cística. Segundo o Safra, é provável que as vendas superem as expectativas, à medida que a Vertex amplie os acordos de reembolso fora dos EUA e expanda a população tratável. Nos EUA, por exemplo, o FDA deve aprovar o uso do medicamento em crianças pré-adolescentes.
Para o médio prazo, a aposta do Safra é a droga CTX001, que pode representar a cura da doença falciforme.