Eleições 2022

Alckmin vice de Lula: O que pensa o mercado sobre a aliança, segundo Xavier, da SPX

23 fev 2022, 16:09 - atualizado em 23 fev 2022, 16:09
Lula e Alckmin
Xavier avalia que no ano passado havia a leitura de que uma eleição polarizada levaria a uma deterioração das expectativas. (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

Um dos mais respeitados gestores do país, Rogério Xavier, da SPX Capital, disse que a notícia mais relevante no campo político hoje é a da provável aliança entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

Eles devem anunciar em março a composição de uma chapa para disputar as eleições presidenciais deste ano, com o ex-tucano como vice do petista.

Para Xavier, a provável parceria é interpretada pelo mercado como uma sinalização de Lula ao centro do espectro político.

“Ninguém acredita que Alckmin embarcaria em um governo pensando em coisas não razoáveis”, disse o gestor durante evento promovido pelo BTG Pactual nesta quarta-feira (23).

Xavier avalia que no ano passado existia a leitura de que uma eleição polarizada levaria a uma deterioração das expectativas, com impacto sobre os ativos de risco. “Mas aquele risco que estava sendo previsto parece que está sendo afastado”.

Sobre uma eventual vitória do petista, Xavier vê mudança na política econômica, mas “com responsabilidade fiscal”.

Além de ver Lula ao centro, o gestor acredita que a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) significaria uma continuidade da política econômica conduzida pelo ministro Paulo Guedes – o que também é bem visto pelo mercado, segundo ele.

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Entrada estrangeira

A visão menos pessimista sobre eleição de Lula ou Bolsonaro não é novidade no mercado. Luis Stuhlberger, do fundo Verde, por exemplo, disse que vê os mercados se preparando para uma vitória do ex-presidente.

O próprio gestor da SPX chegou a dizer que o investidor estrangeiro vê o Brasil “com perspectiva de melhora com Lula assumindo o poder“.

A percepção, disse Xavier no início deste mês, já está aparecendo nos fluxos de mercado. Os estrangeiros colocaram R$ 32,5 bilhões em ações na B3 em janeiro, a segunda maior entrada mensal líquida desde ao menos 2008.

“A bolsa brasileira ficou para trás” em relação à alta em outras regiões e os estrangeiros “veem a troca de poder — supondo que a eleição do Lula está bem encaminhada — como um Lula responsável, que vai se dirigir ao centro”, disse Xavier.