Ajuste técnico tenta tirar açúcar em Nova York de sua maior baixa desde maio
O açúcar na tela de outubro da ICE Futures, em Nova York, sofre um leve ajuste de alta na manhã desta quarta-feira (17). Mas trata-se de um movimento técnico, depois da baixa de mais de 30 pontos ontem sobre a sexta-feira (12), quando Money Times informou que sem sustentação para manter os 12.30 c/lp a commodity despencaria mais.
A commodity segue flertando com cotação próxima de seus custo de produção no Brasil e a cotação desta terça, em 11.99 c/lp foi a mais baixa desde 23 de maio.
Baseado em avaliação Maurício Muruci, da Safras & Mercado, a situação da commodity vem se mantendo sem força alguma de reversão. E ficava mais evidente no final da semana, segundo o analista, com o anúncio da Índia de que subsídios às exportações poderão ser reeditados.
Na segunda (15), o contrato driver já havia descido para 12.06 c/lp. E a moderada subida agora, ao redor das 9h30 (horário de Brasília), de 13 pontos (1,17%0, a 12.12 c/lp), é apenas a tentativa de fundos ainda comprados evitar um derretimento maior do açúcar, o que pode não resultar em nada o o adoçante reduzir os ganhos ao longo do dia.
A perspectiva de que o governo indiano auxilie ainda mais as centenas de pequenas usinas do país a deslocarem de 7 a 8 milhões de toneladas para o mercado externo, de acordo com fontes das indústrias locais, reportadas pelas agências de notícias, imporá, se concretizada, novos patamares dos excedente globais.
E desafiando o Brasil e a Austrália, que entraram com um queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O ano passado o país, maior produtor hoje da commodity, já havia elevado subsídio para exportações de até 4 milhões de toneladas. Na soma de todo auxílio dado ao mercado indiano, Muruci chegou a falar em até 13 c/lp.
Antes de notícia de novo estímulo circular, a projeção de uma redução sobre a previsão de 33 milhões de toneladas, para 30, nem assim fazia Nova York reagir.
A Índia padece de um sistema produtivo de milhares de pequenos produtores (também subsidiados), com áreas de até 4 hectares, com uma ponta compradora igualmente pulverizada. E nos dois casos sem tecnologia e custos altos, para um consumo interno que não cresce como deveria.
Daí que o peso social sobre o governo é muito elevado, dadas as condições de pobreza e extrema-pobreza de extensa camada da população.
Do Brasil, o cenário não incentiva também nenhum movimento altista no mercado futuro, mesmo com uma safra mais alcooleira e dólar mais fraco diminuindo ainda mais o ímpeto dos exportadores.
Os estoques mundiais estão muito acima de qualquer expectativa de demanda. Apenas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já reportou, há dois meses, estimativa de 4 milhões de toneladas.