Saúde

Ainda sem registro de vacina, Doria anuncia imunização contra Covid em SP a partir de 25 de janeiro

07 dez 2020, 14:31 - atualizado em 07 dez 2020, 14:31
João Doria
É uma data inicial, mas com grande probabilidade de acontecer exatamente como previsto, já com base nos dados da realidade (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Embora a CoronaVac não tenha sequer um pedido de registro no Brasil, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta segunda-feira que a vacina da chinesa Sinovac, que está sendo testada e produzida pelo Instituto Butantan, começará a ser aplicada no Estado em 25 de janeiro, com prioridade para pessoas com mais de 60 anos e profissionais de saúde.

Doria, que tem antagonizado com o presidente Jair Bolsonaro no tema da vacinação contra a Covid-19, também anunciou em entrevista coletiva que serão disponibilizadas 4 milhões de doses para outros Estados, e que todas as pessoas que estiverem em território paulista e quiserem receberão a vacina, sem necessidade de comprovar residência no Estado.

“No dia 25 de janeiro São Paulo começa a vacinar todos os brasileiros que estiverem dentro do Programa Estadual de Imunização que foi aqui apresentado”, disse Doria no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Ele voltou a criticar o plano de vacinação do Ministério da Saúde, que prevê o início da aplicação de imunizantes que estejam aprovados em março.

“Nós não vamos perder mais vidas se podemos salvar vidas. Não há razão para isso”, afirmou o governador, que disse ainda que Bolsonaro não tem compaixão e abandonou os brasileiros em meio à pandemia.

O Instituto Butantan, que já recebeu 1,12 milhão de doses da CoronaVac e espera ter até meados de janeiro 46 milhões de doses, ainda não anunciou dados de eficácia da candidata a vacina, o que deve ser feito até o dia 15 deste mês.

Sem a comprovação científica do grau de eficácia da vacina após testes em estágio avançado, de Fase 3, tampouco existe no momento um pedido de registro da CoronaVac junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Também presente na entrevista coletiva, o presidente do Butantan, Dimas Covas, reconheceu que a data de 25 de janeiro para o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 é uma possibilidade que depende do registro junto à Anvisa, embora tenha dito ser muito provável que a data se concretize.

“Nós estamos num processo não só de produção da vacina, como também nós estamos no procedimento de terminar a fase de avaliação de eficácia do estudo clínico, bem como da avaliação da fábrica da Sinovac lá na China. Então são esses três elementos que vão compor o registro da vacina. Essa data de 25 de janeiro é compatível com esses três elementos que eu acabei de mencionar”, disse o presidente do Butantan.

“É uma data inicial, mas com grande probabilidade de acontecer exatamente como previsto, já com base nos dados da realidade”, acrescentou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Prioridades

De acordo com o plano apresentado, inicialmente devem ser vacinadas em São Paulo 9 milhões de pessoas, sendo 7,5 milhões de idosos com mais de 60 anos e 1,5 milhão de profissionais de saúde, indígenas e quilombolas  público que responde por 77% das mortes por Covid-19 no Estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.

A primeira etapa da vacinação, feita com a aplicação de duas doses, deve ocorrer entre 25 de janeiro e 28 de março, com escalonamento por faixa etária. A previsão é de intervalo de 21 dias entre a aplicação das duas doses, de acordo com as autoridades de saúde paulistas.

O número de postos de vacinação deverá ser ampliado dos 5.200 atuais para 10.000 em todo o Estado, com inclusão de farmácias credenciadas, quarteis da Polícia Militar, escolas, além de estações de trem e terminais de ônibus.

O plano prevê a mobilização de 54 mil profissionais de saúde na campanha de vacinação.