Economia

‘Ainda há trabalho a ser feito, mas não faz sentido o BC já se comprometer com novas altas’, diz economista do BV

29 jan 2025, 20:31 - atualizado em 30 jan 2025, 8:05
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(Imagem: Agência Brasil)

O Banco Central (BC) ainda tem muito trabalho a ser feito para controlar a inflação, mas não faz sentido ele se comprometer com novas altas na taxa de juros neste momento, disse o economista Carlos Lopes, do Banco BV, no programa do Money Times, Giro do Mercado.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (29), em decisão unânime. Com isso, a taxa básica de juros saiu de 12,25% para 13,25% ao ano — o maior patamar desde setembro de 2023.

Os diretores confirmaram o guidance da reunião passada, que indicava mais uma alta similar na taxa na reunião de março. “Recentemente o BC anunciou um choque de juros de 3 p.p. e vem agindo de acordo com essa sinalização já bem forte”.

No entanto, o Comitê optou por deixar a porta aberta quanto a novos ajustes a partir da reunião de maio.

“A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Lopes afirmou que “faz pouca diferença o BC se comprometer com ajustes a mais ou a menos na margem, diante de tanta informação que deve vir nos próximos meses”.

O economista reforçou que o Comitê se mostrou comprometido em controlar a inflação, que, por sua vez, disse que a assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) persiste.

“Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”, listou o Copom.

Além disso, a eles destacaram que a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.

A projeção do Comitê para o IPCA no terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4% no cenário de referência — acima da meta de 3%.

Lopes disse que, na próxima reunião, os diretores devem trazer mais sinalizações sobre os passos futuros da política monetária.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.