Ainda é cedo para desistir das ações da Sabesp, dizem Ágora e Credit Suisse
Não tire conclusões precipitadas sobre a Sabesp (SBSP3). O anúncio feito pelo governador do Estado de São Paulo, João Doria, sobre a intenção de capitalizar a companhia gerou preocupações e dúvidas envolvendo a privatização da empresa. Embora o governo tenha esclarecido que nenhuma decisão foi tomada até o momento, o mercado viu a notícia com maus olhos, o que levou a uma queda acentuada das ações no pregão de ontem (19).
Mas a implementação de um modelo de capitalização seria tão ruim assim? Para a Ágora Investimentos e o Credit Suisse, não.
O Credit Suisse mencionou que a capitalização, por ter menos oposição política, seria mais rápida do que o processo de privatização da estatal. Ambas as alternativas trariam pontos positivos para a Sabesp, já que levam a uma participação maior do mercado, o que implicaria em “mais governança, eficiência e, consequentemente, potencial de alta”.
Para a Ágora, mesmo se a Sabesp continuasse como estatal, a situação da empresa melhoria bastante.
“A capitalização implica a criação de uma ‘holding’ em que o estado teria 50,1% do controle acionário da Sabesp, para depois vender até 49% da holding a um sócio estratégico. Assim, para qualquer investidor comprar uma participação minoritária na Sabesp por meio de uma holding, seriam necessárias melhorias na governança corporativa para tornar o negócio atraente”, explicaram os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França.
Além disso, a opção de privatizar a companhia não foi descartada.
O que vai ser?
O futuro da Sabesp parece muito incerto. Segundo o Credit Suisse, ainda existe espaço para uma potencial valorização das ações, principalmente com a regulamentação do novo marco do saneamento no radar e os últimos contratos firmados com Mauá e Diadema. No entanto, Carolina Carneiro, autora do relatório divulgado pelo banco, disse que a volatilidade prevalecerá.
“Até termos uma decisão final sobre o futuro da Sabesp, com todos os detalhes disponíveis (como estrutura de governança, metas estratégicas, boa regulação e retorno mínimos para um novo crescimento), a volatilidade deve continuar”, comentou.
Sobre o papel, o Credit Suisse reiterou a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado), com preço-alvo para os próximos 12 meses de R$ 62,90.
Para a Ágora, o risco-retorno da ação está atraente. A corretora manteve a recomendação de compra, com novo preço-alvo de R$ 70 ao fim de 2021.