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Ainda dá para ficar otimista com ações de mineração e siderurgia? Analistas dividem opiniões

19 ago 2021, 16:16 - atualizado em 19 ago 2021, 16:32
Minério de Ferro
Para o Itaú BBA, o próximo ano será de transição às commodities, com os preços de minério e aço seguindo acomodação em patamares mais baixos (Imagem: Pixabay/Ricobino)

O mercado está olhando de perto para a queda nos preços das commodities. A pressão sobre o minério de ferro e o aço é explicada em parte pela correção, já esperada pelos investidores, mas também pela demanda fraca, somada às estimativas de aumento de oferta.

Os analistas do Itaú BBA estão preocupados com os níveis de produção de aço na China.

“Dados da Associação Chinesa de Ferro e Aço (CISA) referentes aos primeiros dez dias de agosto mostraram os níveis mais baixos de produção no ano, e inclusive já vimos quedas de produção em algumas regiões específicas (Hebei, Jiangsu, Shandong)”, comentaram Daniel Sasson, Ricardo Monegaglia e Edgard Pinto de Souza, em relatório divulgado na segunda-feira. “Acreditamos que os cortes de capacidade ao longo deste segundo semestre devem ser mais frequentes”.

Para o Itaú BBA, o próximo ano será de transição às commodities. Os preços de minério e aço devem continuar se acomodando em patamares mais baixos.

Diante da perspectiva de um cenário mais pressionado, o Itaú BBA cortou os preços-alvo da Usiminas (USIM5) e da CSN (CSNA3) para, respectivamente, R$ 24 e R$ 48. A recomendação para ambas é de market perform.

“Isso quer dizer que agora nossa expectativa é de que esses papéis mostrem um desempenho em linha com a média do mercado, e não mais que superem o referencial”, explicou.

No caso da CSN, a revisão da tese de investimento se deve à alta dos custos na divisão de mineração, compensando parcialmente os preços de aço no mercado doméstico.

Já em relação à Usiminas (USIM5), o Itaú BBA acredita que uma normalização dos preços do minério prejudicará os resultados da companhia em 2023. Soma-se a isso o fato de que o potencial de valorização é limitado, com a ação sendo negociada a 6,1 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) de 2023, atrás dos pares.

A Gerdau (GGBR4) segue como a empresa favorita no setor de siderurgia, visto que tem menos exposição ao minério.

“Gostamos mais da dinâmica para aço do que para minério no curto prazo”, disse o Itaú BBA. A recomendação para o papel é de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 40.

Sobre a Vale (VALE3), o Itaú BBA acredita que a companhia ainda apresenta uma boa proposta de valor, com geração de caixa robusto (retorno de 21% em 2021) e potencial distribuição de dividendos extraordinários de aproximadamente US$ 5 bilhões na segunda metade do ano.

Na avaliação da Ágora Investimentos, as ações das empresas de mineração e siderurgia refletem um cenário “excessivamente pessimista” (Imagem: Pixabay)

Mercado está pessimista?

Se, por um lado, o Itaú BBA reduziu as expectativas para as siderúrgicas CSN e Usiminas, a Ágora Investimentos adotou uma visão mais animadora.

Na avaliação da corretora, as ações das empresas refletem um cenário “excessivamente pessimista”.

“Continuamos otimistas com as ações de Mineração & Siderurgia, já que os preços das ações atualmente refletem um cenário muito pessimista (os nomes do minério de ferro refletem os preços do minério de ferro em US$ 50-60/tonelada para sempre, 60-65% abaixo do preço spot de US$ 150/tonelada, enquanto as siderúrgicas refletem uma correção de 50-55% nos preços domésticos)”, afirmaram os analistas Thiago Lofiego e Luiza Mussi, em relatório divulgado nesta quinta.

A Ágora está bastante otimista com os rendimentos de fluxo de caixa e de dividendos das empresas em 2022 – médias de 16% e 10%, respectivamente.

Usiminas, Vale e CSN Mineração (CMIN3) seguem como os nomes favoritos da Ágora. Para CSN, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 67.