Commodities

AIE alerta para oferta ainda mais apertada sem acordo da Opep+

13 jul 2021, 7:16 - atualizado em 13 jul 2021, 7:16
Petróleo
O impasse do grupo ameaça criar um “déficit crescente de oferta”, com “o potencial de que os altos preços dos combustíveis estimulem a inflação e prejudiquem a frágil recuperação econômica”, disse a AIE (Imagem: REUTERS/Angus Mordant)

A oferta global de petróleo deve ficar “significativamente” apertada, a menos que a aliança Opep+ resolva o impasse e concorde em aumentar a produção, alertou a Agência Internacional de Energia.

Devido à disputa entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, a Opep+ deve manter os níveis de produção inalterados no mês que vem, mesmo com a recuperação do consumo de combustíveis do impacto da pandemia e com o pico da demanda no verão do hemisfério norte.

O impasse do grupo ameaça criar um “déficit crescente de oferta”, com “o potencial de que os altos preços dos combustíveis estimulem a inflação e prejudiquem a frágil recuperação econômica”, disse a AIE em relatório mensal. O petróleo Brent é negociado perto do maior nível em dois anos, acima de US$ 75 o barril.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados vinham repondo gradualmente o grande volume de produção retirado do mercado durante a pandemia, mas a disputa entre os dois países do Oriente Médio – centrada em torno da cota de produção dos Emirados Árabes Unidos – atrasou o processo.

O impasse chega em um momento particularmente inoportuno, segundo o relatório da AIE. O excesso de petróleo acumulado durante a pandemia foi eliminado, e os estoques agora estão abaixo dos níveis médios.

Ao mesmo tempo, a demanda mundial deve se recuperar em 5,4 milhões de barris por dia este ano em relação à queda sem precedentes vista em 2020.

“O crescimento econômico global robusto, o aumento das taxas de vacinação e as medidas de relaxamento do distanciamento social se combinarão para sustentar uma demanda global por petróleo mais forte no restante do ano”, disse a agência com sede em Paris, que assessora a maioria das principais economias.

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No limbo

A Opep+ estava prestes a aprovar um plano para reativar a produção em volumes mensais de 400 mil barris por dia até o fim de 2022.

As negociações do grupo foram interrompidas em 5 de julho, após uma terceira tentativa de chegar a um acordo e, apesar dos esforços de mediação, o pacto continua no limbo.

Com as vendas de agosto fixadas e a maioria dos países do Golfo em preparação para um feriado islâmico, o debate será direcionado aos volumes de fornecimento de setembro quando a coalizão se reunir novamente, disseram os delegados.

A Opep+ estava prestes a aprovar um plano para reativar a produção em volumes mensais de 400 mil barris por dia até o fim de 2022 (Imagem: REUTERS/Leonhard Foeger)

Mesmo se a Opep+ fechar um acordo, o relatório da AIE mostra que o aumento da produção de 400 mil barris por dia em estudo ficará muito aquém das necessidades dos consumidores.

O grupo de 23 nações bombeou 40,9 milhões de barris por dia em junho, estima a AIE. Mesmo que a Opep+ prossiga com os aumentos planejados para este mês, a produção ainda ficará significativamente abaixo dos 43,45 milhões por dia que a AIE estima serem necessários no segundo semestre.

Isso pode levar a uma queda adicional dos estoques que, nos países desenvolvidos, já estão 10,8 milhões de barris abaixo do nível médio de 2015 a 2019, disse a agência. Os estoques estavam cerca de 250 milhões de barris acima da média no pico da saturação do mercado em meados do ano passado.