Agronegócio perde empregos em 2020, mas em menor intensidade que o País
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Em 2020, a população ocupada no agronegócio somou 17,3 milhões de trabalhadores, queda de 5,2% (ou de 949 mil pessoas) frente a 2019.
O número de ocupados no Brasil, por sua vez, registrou queda mais intensa entre 2019 e 2020, de 7,9%, o equivalente a 7,3 milhões de pessoas. Desse modo, a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro aumentou para 20,1%, contra 19,5% em 2019.
Os dados são de pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.
Segundo pesquisadores do Cepea, o resultado do mercado de trabalho do agronegócio em 2020 esteve atrelado às quedas nos empregos em todos os segmentos do setor, com destaque para a agroindústria e os agrosserviços.
E essa diminuição no número da população ocupada no agronegócio ao longo do ano passado ocorreu em magnitude mais elevada do que a usual, o que pode estar atrelado, ao menos em partes, à crise da Covid-19.
Pesquisadores do Cepea relembram que reduções abruptas ocorreram especialmente entre abril e junho de 2020, e sinais de retomada do mercado de trabalho foram observados já no terceiro trimestre, o que se confirmou no último trimestre do ano.
Perfis
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Análises desagregadas por grupos de trabalhadores mostraram que os mais afetados foram os empregados sem carteira assinada, os com menores níveis de instrução formal e as mulheres.
Esses dados corroboram o resultado de que, diante dos choques no mercado de trabalho, os trabalhadores com perfis mais vulneráveis foram os primeiros e mais afetados.
Os rendimentos médios mensais efetivos do agronegócio cresceram em 2020, com destaque para a categoria de empregadores.
De acordo com pesquisadores do Cepea, essa alta pode estar relacionada também à saída do mercado de trabalhado do agronegócio daqueles indivíduos que foram mais afetados pela crise – e possuem menores rendimentos, destarte, elevando a média de rendimentos do setor.