Agronegócio: Guerra Israel-Hammas pode ser pedra no sapato?
A pujança do agronegócio brasileiro tem reflexos positivos na economia e no mercado de capitais. O Fiagro (Fundo de Investimento na Cadeia Produtiva do Agronegócio) “surfa” na grandeza deste segmento que hoje é uma das molas propulsoras do Brasil.
Mais do que aproveitar oportunidades para que investidores tenham lucro participando de alguma forma do setor, os Fiagros desempenham um papel fundamental aos produtores rurais por se tratar de mais um mecanismo de financiamento da produção agrícola e de tudo que está ligado a ela.
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A questão é que, por mais forte que seja, o agro nacional não é autossuficiente por si só. Querendo ou não ele está ligado ao resto do mundo por conta da necessidade de importarmos determinados insumos e defensivos e porque boa parte da lucratividade se dá por meio das exportações de grãos, carnes, entre outros.
Sendo assim, guerras são motivo de preocupação pelo impacto que podem gerar. No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, o problema esteve ligado à nossa dependência de determinadas matérias-primas usadas na fabricação de fertilizantes e que o Brasil importa em grande escala da Rússia. Naturalmente, os preços desses insumos tiveram alta e isso impacta diretamente nos custos dos produtores rurais.
Custos maiores podem reduzir as margens de lucro dos produtores, o que não é desejável. Guerra não é o único fator, porém, é mais um a pressionar o setor de forma negativa. Mas o mercado, aos poucos, conseguiu absorver os efeitos da conflagração na Ucrânia e equilibrar as contas. Quando tudo parecia equacionado, começou um novo conflito. Desta vez entre Israel e o Hamas.
E qual seria o impacto desse novo conflito nos mercados mundiais, além das questões humanitárias e políticas diretamente envolvidas na questão? Apesar de ser um país com pequena extensão territorial, o que limita sua influência na produção agrícola, Israel é o 6º principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil, com um total de 1,2 milhão de toneladas e 4% de participação no montante importado nos nove primeiros meses do ano.
O risco, no entanto, não é tão direto assim. O Brasil pode ser afetado indiretamente, pois a guerra no Oriente Médio tende a contribuir para a elevação do preço internacional do petróleo, encarecendo derivados como diesel e gasolina, aumentando custos logísticos, o que resulta em um movimento inflacionário. Acontece que tal problema não se limitaria ao Brasil porque tem potencial para contagiar o mundo inteiro.
Assim, em um primeiro momento preços mais altos podem reduzir margens da cadeia produtiva que não demoraria muito para se ajustar à nova realidade e reestabelecer a lucratividade. E como nossos grandes importadores não estão diretamente envolvidos com o conflito, a expectativa é de que não haja interrupção no fluxo comercial.
Em resumo, sempre há algum impacto, mas nada capaz de paralisar a produção, que continuará forte e demandante de capital intensivo. O Fiagro, neste contexto, continuará sendo uma ótima ferramenta para financiar o agro e oportunidade de bons retornos financeiros para os investidores.