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Agrogalaxy (AGXY3): prejuízo com a Selic não esconde 1T22, sazonalmente mais ‘fraco’, de recordes

16 maio 2022, 18:09 - atualizado em 16 maio 2022, 18:28
Fertilizantes
Carteira de pedidos da Agrogalaxy crescer 344% com fertilizantes na liderança (Imagem: REUTERS/Michaela Rehle)

O aumento da taxa Selic fez a Agrogalaxy (AGXY3) obter um prejuízo líquido ajustado 131% maior no 1T22, mas se a sazonabilidade do negócio não permite a diluição das despesas fixas e financeiras no período, também explica que os recordes dos resultados operacionais obtidos de janeiro a março deverão ser maiores no semestre que vem.

A receita líquida ajustada pulou 161% sobre o 1T21, para R$ 3,1 bilhões, conforme a divulgação do balanço nesta segunda (16). Considerando que R$ 1,7 bilhão vieram de insumos, que representam no período de 16% a 19% da receita líquida anual, Maurício Puliti, CFO da companhia varejista do agronegócio, lembra que o melhor estar por vir.

“As empresas compram mais insumos, como fertilizantes e defensivos, no segundo semestre”, diz ele, fazendo menção à semeadura da soja, a partir de setembro, e do milho, a partir de novembro, como Money Times já havia destacado em abril.

A carteira de pedidos já foi 144% maior em março, sobre março 21, somando R$ 3,4 bilhões, embora entre 15% e 20% dela, segundo Puliti, são de aquisições para o milho de inverno, já plantado.

Portanto, além do grosso do faturamento vir depois, a elevação “drástica” das taxas de juros, da média de 2,2% para 10,5%, na base trimestral, é “algo natural o prejuízo [R$ 45 milhões] nesta época do ano”.

Outro destaque que amortece o alerta do prejuízo é que houve redução do spread da dívida, de 4,2% para 3,4%, além do que os ganhos do Retorno sobre Capital Investido (ROIC) marcou 22,2% nos últimos 12 meses, 6,4 pontos percentuais sobre o mesmo período do ano anterior.

Feito o parêntese, o que o executivo da Agrogalaxy ainda chama atenção, em conversa exclusiva, é sobre o potencial de geração de caixa na atividade fim, mais a evolução da produtividade e eficiência no período em questão. Nesse caso, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização deverá atrair os olhares dos investidores.

O Ebitda, como se traduz na sigla em inglês, foi outro recorde, de R$ 130 milhões, 356% superior, enquanto a margem ajustada ficou 4,1% “quase o dobro do mesmo indicador apresentado no mesmo período de 2021”.

Sem desconto

De janeiro a março, com a integralização no balanço das lojas da Boa Vista, Ferrari Zabatto e Agrocat, redes adquiridas no segundo semestre do ano fiscal passado, Maurício Puliti lembra, também, que a Agrogalaxy conseguiu repassar a evolução dos preços dos insumos sem descontos.

A guerra da Ucrânia começou em final de fevereiro, explodindo os preços, mas já havia o ensaio de tensão desde o final de janeiro, além do que desde 2021 os fertilizantes e defensivos já vinham em curva ascendente. Pela ordem, os dois são os principais segmento da Agrogalaxy, seguidos por sementes e especialidades.

Daí que o crescimento exponencial de preços dos insumos, registrado na conta de saída da rede de revenda para algo como 70%, na comparação dos dois iguais trimestres, foi atenuado pelo “orgânico” que teve aumento do volume de 22%. As ‘vendas nas mesmas lojas’, tradução livre de same store sales, ficaram acima de 82%, característica da “eficiência”, pontua o CFO.

Sem que a empresa preveja dificuldades na obtenção de fertilizantes, na medida em que o conflito se estende no Leste europeu e gera preocupações, a Agrogalaxy se prepara para a abertura de 20 a 25 lojas em 2022, sendo 14 já com localizações fechadas, agregadas as 145 atuais.

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