Agroconsult corta safra de soja do Brasil em 8,4 mi t após avaliações em expedição
A colheita de soja do Brasil 2021/22 foi estimada nesta terça-feira em 125,8 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Agroconsult, que registrou uma queda de 8,4 milhões de toneladas comparada à última previsão, divulgada antes de avaliações em campo realizadas pelo Rally da Safra.
Desde 9 de janeiro, equipes da expedição técnica percorreram os Estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul.
Os técnicos coletaram 640 amostras, cujos dados indicaram uma boa safra no centro-norte e uma quebra acentuada no Sul do país.
A Agroconsult, em sua projeção pré-rally, já havia revisado a estimativa considerando os efeitos iniciais da estiagem.
A diferença entre a projeção atual comparada ao seu potencial ultrapassa 18 milhões de toneladas, e mais chuvas ainda são necessárias para o Sul do Brasil.
“É importante considerar que esses números podem mudar até o fim da safra”, disse o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, em nota.
“A safra no Sul ainda precisa de chuva até meados de março, caso contrário os resultados podem piorar…”, afirmou.
Por outro lado, a produtividade pode surpreender positivamente nas áreas mais tardias do Centro-Oeste e do MAPITO-BA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), acrescentou.
A produtividade estimada para o Rio Grande do Sul é, no momento, de 27 sacas por hectare, uma quebra de mais de 53% em relação à safra passada, levando a uma produção de 9,9 milhões de toneladas a menor das últimas dez temporadas.
“O Rally volta ao Rio Grande do Sul em março e, caso não haja uma regularização das chuvas, podemos ter nova revisão negativa”, disso o coordenador.
No Paraná, a produtividade é estimada em 41 sacas por hectare, quebra de 33% sobre a safra passada.
Cerrado
A produção de soja do Brasil seria ainda menor não fosse o “excelente” desempenho das lavouras do cerrado, afirmou a Agroconsult.
Em Mato Grosso e Goiás, a estimativa de produção aumentou 1,6 milhão de toneladas desde o início do rally.
Para o Mato Grosso, a produtividade é estimada em 61,5 sacas por hectare, 6,2% acima da safra passada, o que deve permitir que a produção do Estado ultrapasse as 40 milhões de toneladas.
Em Goiás, a estimativa de produtividade deve chegar a 64,5 sacas por hectare, 5% acima da temporada passada. De acordo com as avaliações realizadas pelas equipes no sudoeste do Estado, aproximadamente 95% das amostras coletadas indicam produtividade superior a 60 sacas por hectare.
Esse desempenho deve fazer de Goiás o segundo maior produtor nacional, ultrapassando o Paraná e o Rio Grande do Sul.
Em fevereiro e março, as equipes da expedição continuarão a avaliar as demais regiões produtoras.
Já a etapa de avaliação do milho segunda safra começará em 15 de maio, com seis equipes.
Com preços firmes após a quebra da produção de verão, as perspectivas para a segunda safra são positivas, em função também do bom calendário de plantio no Centro-Oeste, após uma colheita acelerada da soja.
“Ressalta-se, porém, a contínua preocupação com as previsões de falta de chuva no Paraná e Mato Grosso do Sul em abril, período crítico de definição das produtividades”, afirmou.
A projeção da segunda safra para esta temporada é de área plantada 7% maior do que no ciclo anterior, chegando a 15,7 milhões de hectares.
A estimativa de produção é de 92,2 milhões de toneladas, 51,3% acima da safra passada, atingida por seca e geadas.
Segundo Debastiani, a expansão do milho poderia ser ainda maior, não fossem os gargalos na oferta de insumos.