Agro saiu mais arranhado que positivo na B3 no semestre, com surpresas dos dois lados da tabela
Em semestre turbulento, quando o Ibovespa (IBOV) não resistiu à pressão sobre o risco global e doméstico, fechando abaixo dos 100 mil pontos, o bloco de ações de empresas do agronegócio saiu também mais arranhado que positivo.
Dos 19 tickers do macro setor negociados na B3 (B3SA3), apenas seis apresentaram desempenho positivo.
As outras 13 companhias ficaram em baixa até quinta, todas muito acima do recuo acumulado do IBOV de 5,59%, em levantamento feito para Money Times por Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da plataforma TC/Economática.
Do primeiro time, a segmentação por blocos setoriais registra altas apenas da Minerva (BEEF3) entre os frigoríficos, bem como a São Martinho (SMTO3), a Irani (RANI3) e SLC Agrícola (SLCE3), respectivamente da sucroenergia, papel e celulose e das commodities de graneleiras, como se configura no quadro abaixo.
Algumas surpresas podem ser vistas, diante de cenários domésticos e, mais ainda, externos, com a guerra da Ucrânia lançando novas incertezas ao risco de retração e inflação globais.
Além de comparações do desempenho de determinadas ações frente aos resultados das respectivas empresas no primeiro trimestre – a maioria positivo – apesar de que os impactos mais significativos para as economias mundial e brasileira pesaram mais no segundo trimestre.
Empresa | Código | Retorno no 1° semestre (%) |
---|---|---|
3tentos | TTEN3 | -17,64 |
AgroGalaxy | AGXY3 | -27,53 |
Boa Safra | SOJA3 | -33,53 |
BrasilAgro | AGRO3 | -10,05 |
BRF | BRFS3 | -39,65 |
Camil | CAML3 | -11,44 |
Cosan | CSAN3 | -14,17 |
Irani | RANI3 | 3,3 |
Jalles Machado | JALL3 | -26,63 |
JBS | JBSS3 | -14,4 |
Kepler Weber | KELP3 | 17,58 |
Klabin | KLBN11 | -19 |
M. Dias Branco | MDIA3 | 10,78 |
Marfrig | MRFG3 | -43,52 |
Minerva | BEEF3 | 28,47 |
Raízen | RAIZ4 | -28,29 |
São Martinho | SMTO3 | 6,4 |
SLC Agrícola | SLCE3 | 12,98 |
Suzano | SUZB3 | -15,38 |
Ibovespa | IBOV | -5,99 |
A M. Dias Branco (MDIA3) suportou as altas do trigo, que embora diminuídas nos últimos dias atingiram recordes com o cereal da Ucrânia, e em certa medida da Rússia, não chegando ao mercado. De 31 de dezembro a 30 de junho a TC/Economática apontou valorização de 10,78%.
A ação campeã de crescimento das ações, com 28,47%, a Minerva Beef (BEEF3) teve o seu lucro líquido em retração de 55,8% de janeiro a março absorvido pelos investidores, em outro exemplo. Não foi punida na soma final até ontem.
Por outro lado, o maior frigorífico nacional, JBS, não viu refletido, na média do ano, o forte desempenho nos três primeiros meses. O JBSS3 cedeu 14,4%.
Já a Marfrig (MRFG3) deve causar surpresa pelo tamanho da sua queda na bolsa, liderando entre as 13 baixas do agronegócio.
Com o 1º trimestre mais fraco, menos 61% no lucro, pela consolidação das ações da BRF (BRFS3), era esperado que o desempenho no trimestre seguinte fosse sentido, mas a entrada em cena dos temores nos Estados Unidos com a inflação e recessão deram muita margem para a desvalorização do papel em 43,52%.
Sua controlada não escapou também de forte desconto, o segundo maior – 39,65% – pela inflação interna ascendente até maio, principalmente, e baixo poder aquisitivo impactando o consumo mesmo de proteínas mais baratas que a bovina, como frango e suínos.
Enquanto a SLC não surpreendeu por ser a única de grãos a ficar entre as seis ações do agronegócio mais valorizadas, em 12,98%, tanto que entrou na carteira teórica do Ibovespa válida até agosto, as companhias de açúcar e etanol mostram o contrário.
Raízen (RAIZ4), sempre descontada apesar de entrar em várias recomendações de carteiras, sua controladora Cosan (CSAN3) e Jalles Machado (JALL3) decepcionaram os acionistas contra a forte alta do petróleo, que poderia ativar os preços do biocombustível, e também contra os preços mais firmes do açúcar em Nova York em boa parte do primeiro semestre.
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