Agro brasileiro é modelo de desenvolvimento para outros países da faixa tropical
O modelo de agricultura tropical, baseado em ciência, tecnologia e inovação implementado no Brasil, que tornou o País um dos principais atores mundiais do setor, é o caminho para fortalecer os países em desenvolvimento do cinturão tropical.
A fala acima é de especialistas reunidos nesta segunda-feira (22) na abertura da Semana Internacional da Agricultura Tropical (AgriTrop 2021), organizada pela Embrapa e pelo Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O evento conta com mais de 1 mil inscritos que até sexta-feira (26/03) vão acompanhar as contribuições de especialistas de vários países sobre tecnologias de base sustentáveis voltadas ao desenvolvimento da agricultura tropical e segurança alimentar.
As mudanças climáticas e o mundo pós-pandemia foram mencionados como desafios que levam à necessidade de estreitar cooperação entre as nações em prol da redução de desigualdades sociais.
“A agricultura tropical é um dos caminhos para reduzir a fome e garantir a paz e a segurança alimentar nos países das Américas, África e Ásia”, disse o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz em 2021 e o homenageado do AgriTrop2021.
Segundo Paolinelli, o Brasil é o exemplo concreto de que a ciência é capaz de transformar realidades.
Importador de alimentos na década de 1970, o País é hoje uma potência agrícola mundial, responsável pela alimentação de 800 milhões de pessoas em mais de 160 países.
O Cerrado brasileiro, considerado improdutivo, é um dos destaques em produtividade na agricultura e responde por 60% da produção de grãos nacional. Para ele, é fundamental que haja mobilização mundial entre as nações para levar conhecimento, tecnologia e inovação aos países mais pobres da franja tropical.
“Onde há fome e desigualdade, não há paz. A agricultura é a base da segurança alimentar e da paz mundial”, destacou o ex-ministro, lembrando que os problemas enfrentados em alguns países impactam os conflitos mundiais.
“Por isso, reforço que os esforços em prol do desenvolvimento agrícola das Américas, Ásia e África é um problema de todos e deve envolver ações em conjunto e busca de recursos em agências de fomento mundiais. Eu tenho um sonho, mas não sou o único, vamos sonhar juntos?”, questionou Paolinelli.
Agricultura movida a ciência
Segundo o presidente da Embrapa, a evolução impressionante da agricultura brasileira ao longo das últimas cinco décadas levou a um crescimento sem precedentes no mundo. Ele citou três exemplos significativos que comprovam esse cenário.
A cafeicultura cresceu quatro vezes nos últimos 25 anos; a produção de leite saltou de 5 bilhões para 35 bilhões de litros, ou seja um aumento de sete vezes; e a de frango foi ampliada em 65 vezes.
Rodrigues acrescentou que, dos anos 1990 até hoje, a área plantada com grãos no Brasil cresceu 80% e a produção de grãos, 370%, mais de cinco vezes a área plantada.
“A tecnologia gerou ganhos de produtividade por hectare. Hoje temos 68 milhões de hectares com grãos, fazemos duas e até três safras por ano. Se tivéssemos hoje a mesma produtividade de 30 anos, seriam necessários 110 milhões de hectares para produzir a safra que colhemos em 2020/2021, portanto, a agricultura tropical brasileira é sustentável por definição”, disse.
Para o presidente da Embrapa, a revolução agrícola no Brasil vivencia atualmente uma nova onda, a da sustentabilidade.
O Código Florestal Brasileiro, a Agricultura de Baixo Carbono, os sistemas integrados de produção e técnicas como plantio direto têm garantido e aumentado o desenvolvimento da agricultura tropical sob bases sustentáveis.
“Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que ocupam hoje no País uma área superior a 17 milhões de hectares, aumentam a produtividade, ao mesmo tempo em que incorporam carbono e reduzem a emissão de gases de efeito estufa (GEEs)”, explicou.
Até 2050, a produção brasileira deve ultrapassar 500 milhões de toneladas de grãos e com a tecnologia provida pela pesquisa agropecuária não precisamos avançar por áreas de florestas e matas nativas.
Com informações da Agência Embrapa de Notícias