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Agricultor corre para garantir fertilizante com crise na Ucrânia

26 fev 2022, 17:00 - atualizado em 25 fev 2022, 21:25
Fertilizantes
“Qualquer sanção econômica à Rússia vai afetar os preços e a oferta de fertilizantes” (Imagem: Reuters/Pascal Rossignol)

Agricultores no Brasil, o maior importador de fertilizantes do mundo, estão correndo para garantir nutrientes para as lavouras com receio de uma escassez global do insumo após o ataque russo à Ucrânia.

“Os agricultores estão assustados. Há uma corrida para comprar potássio”, disse José Marcos Magalhães, diretor-presidente da cooperativa Minasul, a segunda maior exportadora de café do Brasil.

A corrida para garantir os nutrientes no Brasil ilustra os efeitos que a invasão da Ucrânia está causando nos mercados de commodities.

A Rússia é um importante fornecedor de potássio e outros insumos agrícolas, bem como um grande exportador de alumínio, grãos, petróleo e gás natural.

O Brasil, potência agrícola que lidera a produção de soja, café e açúcar, importa cerca de 80% de suas necessidades de fertilizantes.

A Minasul, que possui revendas de produtos agrícolas no estado de Minas Gerais, viu suas vendas diárias de insumos agrícolas saltarem para cerca de R$ 20 milhões (US$ 4 milhões) na quinta-feira, dos habituais R$ 2 milhões a R$ 3 milhões por dia.

“Metade das vendas de fevereiro foram feitas só nos últimos dois dias”, disse Magalhães, acrescentando que até agora conseguiu atender ao aumento da demanda graças aos estoques da cooperativa.

No Centro-Oeste, os agricultores não tiveram tanta sorte. Alguns produtores de grãos de Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, nem conseguiram obter cotações de preços e estimativas de entrega de suas fornecedoras de fertilizantes nos últimos três dias.

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O Brasil, potência agrícola que lidera a produção de soja, café e açúcar, importa cerca de 80% de suas necessidades de fertilizantes (Imagem: REUTERS/Stringer)

Os importadores também não receberam tabelas de preços de seus fornecedores no exterior, segundo Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities.

“Os preços de fertilizantes no mercado brasileiro entraram em um momento de incerteza por causa da invasão russa e devem se manter instáveis até o início de março”, diz Marina Cavalcante, analista da Green Markets Brasil da Bloomberg, em relatório.

Depois de os preços subirem no início da semana, o mercado de fertilizantes travou após empresas fornecedoras suspenderem as listas com as cotações, segundo ela. Participantes do mercado estão cautelosos em relação a novas negociações, com a preocupação de que mais restrições sejam impostas, diz ela.

Os sojicultores brasileiros estão comprando fertilizantes para o plantio a partir de setembro e provavelmente pagarão preços mais altos do que os produtores norte-americanos, que já compraram seus nutrientes para este ano, segundo Souza.

“Os brasileiros vão pagar mais, principalmente pelo fósforo e potássio”, disse.

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) disse em nota que está monitorando o possível risco de oferta de insumos para a produção de fertilizantes e impactos na cadeia de suprimentos internacionais, inclusive no Brasil.

“Qualquer sanção econômica à Rússia vai afetar os preços e a oferta de fertilizantes”, diz Cavalcante.

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