Agora não é um bom momento para investir no Banco do Brasil
Analistas veem com mais cautela a tese de investimento do Banco do Brasil (BBAS3). Segundo o Inter Research, os riscos sempre existiram, mas agora aumentaram junto com as incertezas envolvendo uma interferência maior do governo na instituição.
O Inter Research rebaixou a recomendação da ação para neutra, com preço-alvo de R$ 40, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que indicou o general Joaquim Silva e Luna para ser o novo CEO da Petrobras (PETR3;PETR4), em substituição a Roberto Castello Branco. O acontecimento acionou um sinal de alerta para os analistas em relação às empresas estatais.
“Já vimos uma tentativa de troca na presidência do Banco do Brasil, assim que foi anunciado o plano de reestruturação, o qual está longe de ser agressivo em nossa visão, mas ainda assim gerou controvérsias em Brasília e […] causa uma percepção de instabilidade acerca da permanência do atual presidente, André Brandão, no cargo”, disse Matheus Generoso do Amaral, da equipe do Inter Research.
O analista se referiu às notícias que saíram em janeiro. Na ocasião, rumores de que Bolsonaro planejava a demissão de Brandão derrubaram os papéis do Banco do Brasil e fizeram ressurgir preocupações quanto à interferência política na empresa.
Por motivos parecidos, a Ativa Investimentos manteve a recomendação neutra para o Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 35.
O analista Leo Monteiro destacou em relatório que, por ser uma estatal, o Banco do Brasil negocia historicamente a um múltiplo P/VPA (preço sobre valor patrimonial da ação) menor que os pares privados, dando a chance do papel valorizar em um cenário de redução de riscos de interferência política. No entanto, os últimos eventos deixaram a corretora cética quanto à possibilidade de melhora na governança.
O Inter Research e a Ativa enxergam alguns pontos positivos na tese de investimento do Banco do Brasil, mas os riscos acabam se sobressaindo.