Opinião

Agora Financial: Primeiro proteger para depois multiplicar

17 ago 2019, 11:05 - atualizado em 16 ago 2019, 14:51
o Departamento de Comércio dos EUA confirmou que produtos como “telefones celulares, laptops, consoles de videogame, certos brinquedos, monitores de computador” não serão atingidos pela tarifa de 10% até 15 de dezembro (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

Por Agora Financial

Os principais índices dos Estados Unidos respiraram aliviados depois que o governo Trump anunciou que postergará a imposição de novas tarifas sobre mercadorias vindas da China.

No início do mês, Trump havia divulgado que a partir de 1º de Setembro aplicaria taxas de 10% sobre US$300 bilhões em importações chinesas, podendo, eventualmente, até mesmo elevá-las para 25% dependendo do andamento das negociações.

Contudo, assim como já ocorreu em outros momentos de crise, ambos os países tentam colocar panos quentes sobre a situação enquanto buscam por uma solução razoável para todos os envolvidos.

Nesse contexto, o Departamento de Comércio dos EUA confirmou que produtos como “telefones celulares, laptops, consoles de videogame, certos brinquedos, monitores de computador e certos itens de calçados e roupas” não serão atingidos pela tarifa de 10% até 15 de dezembro.

Com a notícia, ações de tecnologia, como a Apple, por exemplo, chegaram a subir mais de 4%, impulsionando os principais índices por lá.

Para empresas como a Apple, que está no cerne dessa batalha comercial EUA / China, essa é uma medida importante, pois a empresa não precisará combater ou transferir custos adicionais com impostos quando seus novos lançamentos ocorrerem em setembro.

As declarações do governo americano ocorreram depois que o vice-premier da China, Liu He, conversou com o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchi.

Ambas as partes concordaram em realizar outra reunião em duas semanas para discutirem as tarifas de 10% sobre US $ 300 bilhões em bens chineses.

Dentre tantas notícias ruins, o aceno de uma nova tentativa de acordo entre as maiores potências do globo trouxeram um pouco mais de ânimo e credibilidade para os mercados.

Vale lembrar que a incerteza sobre a perspectiva global fez com que o nervosismo dos investidores aumentasse consideravelmente com a agitação geopolítica na América Latina e Ásia, em especial, Argentina e Hong-Kong respectivamente.

No início da semana, o peso argentino despencou para patamares históricos depois que o presidente de centro-direita Mauricio Macri teve desempenho pior do que o esperado nas eleições primárias no fim de semana.

O fraco desempenho do líder mais favorável ao mercado fez com que as ações argentinas caíssem, com o ETF Global X MSCI Argentina (ARGT) tendo recuado mais de 24% na segunda-feira pela manhã.

Já em Hong Kong, mais de 160 voos foram cancelados no Aeroporto Internacional pelo segundo dia consecutivo por conta dos manifestantes e ativistas pró-democracia.

Enquanto os protestos no aeroporto ocorreram de maneira mais pacífica, o confronto entre os manifestantes e a polícia estão se tornando cada mais violentos pelas ruas de Hong Kong.

De maneira geral, em resposta às preocupações crescentes com os protestos em Hong Kong saindo de controle e o aumento da desconfiança dos investidores em relação ao comércio global, os índices, ações e títulos do tesouro também sofreram no início da semana.

Isso não quer dizer que, de uma hora para outra, o mercado de renda variável deva ser esquecido.

Ao contrário, dado que eventos de instabilidade são conhecidamente frequentes, devemos sempre priorizar a proteção do nosso portfólio com ouro, moeda forte e, se necessário, opções.

Essa é regra básica: primeiro proteger para depois multiplicar.

Abraços.

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