Ágora adota perspectiva negativa para a BR Distribuidora, mas vê recuperação rápida do setor
A Ágora Investimentos realizou uma teleconferência com o chefe do departamento de Relações com Investidores da BR Distribuidora (BRDT3), Rogério Fuchs, para discutir sobre os efeitos da covid-19 sobre os negócios da companhia.
Depois de um impacto de quase 60% na demanda de combustíveis, os volumes da empresa deram sinais de recuperação e atingiram um valor consolidado de -35%.
Os números não animaram os analistas da corretora, Vicente Falanga e Ricardo França.
“O call nos deixou com uma percepção um pouco mais negativa das condições de curto prazo”, afirmaram. “A queda geral no volume da empresa é um pouco maior do que esperávamos (-35% no pico versus nossa estimativa de -27%)”.
As margens da BR Distribuidora, por outro lado, não se encontram pressionadas. Elas chegaram a se recuperar em janeiro e devem aproveitar da baixa dos preços dos combustíveis nas refinarias.
Outro ponto positivo é o efeito positivo da redução parcial de custos, que deve aparecer nos resultados do primeiro trimestre de 2020.
Conversas com produtores
Fuchs disse que as conversas entre a empresa e os produtores de etanol têm se mantido amigáveis. A BR Distribuidora adotou uma abordagem mais construtiva para negociar compras menores do biocombustível, que sofre da falta de demanda.
“A empresa não pode comprar etanol sem capacidade de armazenamento, embora não tenha declarado formalmente maior força, como sugerido pela mídia. A Petrobras (PETR4) tem sido construtiva com a cadeia, e a BR Distribuidora está tentando replicar essa abordagem”, explicou a Ágora.
A BR Distribuidora também está auxiliando seus revendedores, implementando medidas que visam o corte de custos e o aumento do capital de giro. As recomendações incluem a abertura de postos principalmente durante o dia e a renegociação de aluguéis e pagamentos.
Importações
As importações como percentual das vendas estão caindo justamente por conta dos preços mais baixos. Os números foram sólidos nos primeiros meses do ano, mas devem sofrer queda no trimestre seguinte, dado que a BR Distribuidora está comprando mais da Petrobras.
“Esperávamos que a empresa continuasse importando de 20% a 25% do seu volume de vendas, pois, em nossas estimativas, a janela para importações permanece aberta”, comentaram Falanga e França. “A questão principal é se todos os participantes (incluindo pequenas empresas de distribuição) adotarão essa estratégia de comprar mais da Petrobras. Os que não possuem uma vantagem competitiva de curto prazo, refletem-se em volumes e margens”.
Em suma, a Ágora espera uma recuperação mais rápida do setor de distribuição de combustíveis assim que as medidas de isolamento começarem a afrouxar.