Agenda reformista é fundamental para economia voltar a crescer
Os modelos acertaram e o crescimento do PIB veio mesmo negativo (na margem) no 1° tri. Significa dizer que ficou muito difícil realizar um crescimento de 1% – igual ao do ano passado – esse ano. Ou que a probabilidade de termos crescimento negativo do PIB per capita esse ano – que desconta o crescimento populacional – entrou no horizonte.
Destaco aqui o pico de crescimento experimentado em 2010. Naquele ano, a economia brasileira cresceu 7,5%, atingindo o pleno emprego do fator trabalho. Desde então, a taxa de crescimento vem se reduzindo.
Quando uma economia atinge o pleno emprego do fator trabalho, para que o crescimento se mantenha, ou bem o investimento aumenta, ou bem a produtividade aumenta. São as turbinas que mantém o avião no ar.
Ocorre que o período pós-2010 é marcado pela “Nova Matriz Econômica”, de ênfase no intervencionismo micro e macro do estado sobre a economia.
Ambiente difícil para que tanto investimento quanto produtividade possam liderar o crescimento.
O efeito disso é uma taxa de crescimento do PIB decrescente na maior parte do tempo.
Como corolário, respeitando as defasagens envolvidas, a taxa de desemprego começa a aumentar.
A economia atinge o fundo do poço em 2016, dando início ao último momento destacado.
Nesse, destacado em laranja, a economia começa a sair do buraco ali em meados de 2016. O que ocorreu naquele momento?
Basicamente, uma transição de governo. Saia Dilma, entrava Temer.
O governo Temer começava a implementar a sua “Ponte para o Futuro” que consistia em uma agenda reformista.
A reforma da previdência chegou a ser considerada no horizonte como factível. Até que veio o “Joesley Day” em 17/05/17, dois anos atrás.
A partir dali, o governo passou a ter dificuldades monumentais para tocar a pauta reformista…
Em 2018, a coisa piorou ainda mais com a greve dos caminhoneiros.
No final do ano passado, havia um otimismo no horizonte com a nova equipe econômica e o novo governo.
Os dados do PIB, porém, não “realizaram” esse otimismo.
Parece que as dificuldades em colocar a pauta reformista na agenda se somaram aos choques de 2018, fazendo com que voltássemos a registrar um número negativo na margem nesse primeiro trimestre.
Diante desse roteiro, não parece que a saída seja colocar estímulos a partir de opções bastante heterodoxas do lado fiscal, ou via taxa de juros do lado monetário, mas sim voltar a ter firmeza em relação à agenda reformista.