África lidera ranking de mulheres em conselhos de administração
A África, um continente atingido pela maior taxa de mortalidade materna do mundo e escassa proteção jurídica para mulheres, supera todas as outras regiões do mundo na proporção de executivas nos conselhos de administração.
Na África, um em cada quatro membros do conselho é do sexo feminino. A proporção (25%) é mais alta do que na Europa, segunda colocada com 23%, e está bem à frente da América Latina, lanterninha global com 7%, segundo relatório sobre paridade de gênero divulgado na terça-feira pelo McKinsey Global Institute.
A média mundial da representação feminina em conselhos de administração é de 17%. A presença de mulheres em comitês executivos na África é menor do que nos conselhos, com uma proporção de 22%, mas acima da média global de 21%.
Ainda assim, o avanço foi liderado pelo progresso em alguns países africanos, e as mulheres ocupam desproporcionalmente papéis de liderança em recursos humanos e departamentos jurídicos, áreas com menos probabilidade de permitir uma promoção à posição de CEO, segundo o relatório do McKinsey intitulado ‘The Power of Parity – Advancing Women’s Equality in Africa’ (O Poder da Paridade – Promovendo a Igualdade das Mulheres na África).
“Apenas um número relativamente pequeno de economias – como Botsuana, Quênia, Uganda, Ruanda e África do Sul – avançou”, de acordo com o instituto.
Fora do alto escalão, o desempenho da África tem sido menos estelar, mas não está em desacordo com outras regiões.
Com 76%, a taxa de participação das mulheres na força de trabalho está acima da média mundial, de 64%, atrás apenas da Europa Ocidental, da Europa Oriental e Ásia Central. Mas está abaixo da média global de emprego formal e representação em empregos profissionais e técnicos.
As mulheres também se saem relativamente bem na África em termos de representação política. Com 25% dos cargos políticos ocupados por mulheres, a África está à frente da média global de 21%. Os países com melhores desempenhos do continente são Ruanda, África do Sul e Etiópia.
Fora do local de trabalho, as mulheres africanas são muito mais desfavorecidas, com desigualdade significativa em seu papel na sociedade e proteção jurídica.
“A África não fez um bom trabalho ao proporcionar serviços essenciais, como assistência médica e educação”, disse a McKinsey. “O continente tem as maiores taxas de mortalidade materna do mundo”, e a falta de planejamento familiar é a maior do planeta.
A igualdade dos direitos das mulheres e dos homens é garantida por lei apenas na África do Sul, Zimbábue e Ruanda. Altos níveis de violência contra as mulheres também são predominantes.
Ainda assim, o cenário é diverso, refletindo uma gama de experiências em um continente com 54 nações e mais de um bilhão de pessoas.
“Os países do sul da África têm um desempenho relativamente bom em termos de educação das mulheres, além de uma baixa incidência de casamento infantil”, disse a McKinsey. “Este não é o caso na África Ocidental e Central.”
No atual ritmo de progresso, a paridade de gênero total na África só será alcançada em 142 anos.