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Aéreas dos EUA ficam sozinhas em tentativa de acabar com taxa para remarcação de passagem

03 set 2020, 15:04 - atualizado em 03 set 2020, 15:05
Lufthansa
A Lufthansa anunciou uma renúncia até dezembro, enquanto a Air France-KLM  não definiu data para retomar as taxas (Imagem: REUTERS/Alkis Konstantinidis)

Uma tentativa radical de reanimar a demanda por viagens aéreas, sacrificando bilhões de dólares em taxas para alterar passagens, deixou as companhias aéreas americanas isoladas, já que rivais estrangeiras temem que a tática prejudique as tarifas mais altas pagas por viajantes premium.

A crise da Covid-19 enfraqueceu um dos elementos centrais do manual da companhia aérea: precificar muitas passagens com preços baixos e cobrar por mudanças nas passagens.

E, enquanto isso, cobra um preço alto para aqueles que desejam mais flexibilidade: normalmente passageiros de negócios.

“Para que o modelo de taxas funcione, você precisa ter um passageiro que vale a pena”, disse John Zhang, professor de marketing na Universidade da Pensilvânia. As companhias aéreas podem em breve “reduzir outras taxas também”, acrescentou.

Dados do Citi mostram que as companhias norte-americanas ganharam no ano passado 2,8 bilhões de dólares, ou 1,1% da receita, com cancelamentos e taxas de alteração.

American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines eliminaram permanentemente tarifas para viagens domésticas nos últimos dias, seguidas pela Alaska Airlines.

“É uma perda de receita, mas a aposta é que isso vai conquistar clientes”, disse o consultor do ICF Carlos Ozores.

A mudança ocorre no momento em que o tráfego de passageiros dos EUA e da Europa está mais de 80% abaixo dos níveis de 2019, mostram dados de julho do órgão global da indústria Iata, com a Ásia-Pacífico caindo 72%.

Embora as aéreas em todo o mundo tenham suspendido as taxas de alteração durante a pandemia, aquelas fora dos EUA estão resistindo em tornar as concessões permanentes.

A Lufthansa anunciou uma renúncia até dezembro, enquanto a Air France-KLM  não definiu data para retomar as taxas e diz que é improvável que as tornem permanentes.

As operadoras de baixo custo EasyJet e Ryanair  não têm planos de mudanças duradouras nas taxas.

Analistas dizem que restaurar as taxas pode ser quase impossível no fim do ano – e só vai ficar mais difícil à medida que consumidores cada vez mais consideram os novos termos.

Muito pode depender de uma consolidação no setor, reduzindo a concorrência em alguns mercados à medida que as aéreas mais fracas encolhem, disse o analista do Citi Mark Manduca.

A Qantas Airways Ltd da Austrália também rejeitou sugestões de que as concessões temporárias poderiam permanecer.