Aegea descarta impactos em eventual racionamento de energia, mas procura alternativas
A Aegea, empresa que atua na área de saneamento em mais de 150 cidades brasileiras, não espera sofrer impactos em caso de decretação de racionamento de energia no país, mas tem buscado fontes alternativas de abastecimento, afirmou o presidente-executivo, Radamés Casseb, nesta quarta-feira.
“Todos elementos até agora, do nosso ponto de vista, indicam que nossas operações não sofrerão com racionamento (de energia), mas ainda sim buscamos alternativas de fontes”, disse o executivo em entrevista à Reuters durante evento do setor, citando co-geração e renováveis. “Não haverá racionamento nos locais onde a gente atua e nem redução de carga”, acrescentou o executivo.
Segundo Casseb, a Aegea está protegida por energia de longo prazo contratada junto ao mercado livre. “Hoje pouco mais de 80% do consumo (da Aegea) está lastreado em contratos com hedge de longo prazo”, disse o executivo. “Nós estamos respaldados.”
Ele, porém, citou preocupação com a situação dos corpos hídricos e com o efeito da seca no suprimento para abastecimento nas regiões onde a empresa atua.
Segundo Casseb, a Aegea vai ampliar investimentos em manutenção de margens lindeiras dos mananciais e na procura por alternativas de co-geração de energia renovável.
Ele explicou que a companhia está criando “seguros hídricos”, um tipo de estoque de água.
“As fontes de água estão prioritariamente ligadas a rios e nós olhamos para depósitos de água subterrâneos, criação de novos poços ou a transposição de outros mananciais para áreas mais próximas”, disse o executivo.
O Brasil vive uma das maiores crises hídricas da história que vem obrigando o governo federal a adotar medidas para garantir a segurança do abastecimento de energia tais como maior acionamento de termoelétricas, importação de energia de Argentina e Uruguai e redução da vazão de rios.
Leilões
Casseb afirmou ainda que a Aegea, que venceu dois lotes no leilão de ativos da Cedae, tem interesse em participar do novo leilão do lote 3 da empresa fluminense de saneamento, que ficou sem receber ofertas no certame realizado no fim de abril.
A Aegea também analisa participar de outras concessões de saneamento no país como a que está sendo organizada para o Amapá e o leilão de dois novos lotes de ativos em Alagoas. “Vamos avaliar e participar em todos esses certames”, disse ele Casseb.
A Aegea já está em 12 Estados do país e Amapá e Alagoas representariam novas áreas de atuação. “O Norte e Nordeste do país têm relevância super estratégica visto que a companhia vem se preparando há dez anos para trabalhar em áreas conflagradas e onde há problemas sistêmicos na produção de água e distribuição. Nosso foco é em áreas vulneráveis”, disse Casseb.
“Temos estrutura de capital para suportar nossa ambição de crescimento”, afirmou o executivo. “Dos sete últimos leilões grandes nos últimos dois anos vencemos cinco e vamos nessa mesma ambição”, acrescentou.
Segundo o executivo, a Aegea detém atualmente cerca de 56% do mercado privado de saneamento do país e quer chegar a 60% nós próximos cinco anos.
O leilão do lote 3 da Cedae que ficou deserto em abril será colocado em disputa novamente em dezembro. O número de cidades incluídas no bloco subiu de sete para ao menos 17.