Adeus, renda fixa? Veja se é hora de abandonar os títulos devido à deflação
Com a deflação dos últimos meses e o reflexo dela sobre os títulos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os investidores têm se desfeito de suas aplicações indexadas à inflação ou preferido apenas os prefixados.
No entanto, para Camilla Dolle e Tatiana Nogueira, da XP Investimentos, quem escolhe esta opção neste momento está deixando de lado as perspectivas de longo prazo, considerando que a razão por trás da queda nos preços deve ser passageira.
Segundo as especialistas, a deflação atual tem natureza de curto prazo e, ao que tudo indica, deve se dissipar já no próximo mês.
“Considerando os níveis atuais de taxas de juro real, os títulos IPCA+ continuam sendo boas opções de alocação, principalmente para prazos médios e longos”, avaliam.
Relação entre deflação e renda fixa
Em julho e agosto deste ano, o IPCA teve deflação de 0,68% — menor taxa da série histórica, iniciada em 1980 — e 0,36%, respectivamente.
Segundo a XP, apesar da expectativa para a inflação de setembro ser, novamente, de queda, os níveis atuais de juros reais são “suficientemente altos para que os títulos atrelados ao índice (IPCA+) resultem em carrego igual ao juro nominal (prefixados)”.
Além disso, na análise de Dolle e Nogueira, não deve haver nova variação negativa nos títulos, uma vez que o mercado já espera uma deflação — diferentemente do observado em junho, por exemplo.
Em casos de deflação, o rendimento final do título atrelado ao IPCA é reduzido através de uma correção negativa do valor nominal atualizado (VNA). Já a marcação a mercado desses ativos tende a apresentar variações significativas apenas se for uma queda da inflação não esperada, explicam as especialistas.
Desde que o Brasil atingiu o pico da taxa de juros de 2022, em 19 de julho, os juros futuros nominais de longo prazo — cinco e nove anos — caíram cerca de 2%, ao passo que o de vencimento em dois anos caiu cerca de 1,5%. Enquanto isso, os títulos públicos atrelados ao IPCA tiveram redução em suas taxas (juro real) em cerca de 0,5%.
A XP ressalta que, apesar do cenário mostrar preferência por ativos prefixados pelo mercado, o IPCA ainda gera uma oportunidade pela frente.
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