Mercados

Adeus ou até logo? Fluxo de capital estrangeiro na B3 é o pior em anos

24 fev 2024, 12:00 - atualizado em 23 fev 2024, 15:22
b3 gringos
Gringos já retiraram da B3 R$ 16,2 bilhões desde o início do ano (Imagem: Pixabay)

O fluxo de capital estrangeiro registrou o pior saldo líquido desde a janela entre 2016 e 2024. Desde o início do ano, os investidores estrangeiros retiraram R$ 16,2 bilhões, de acordo com o levantamento do consultor de dados financeiros de mercado Einar Rivero, com base em dados divulgados pela B3 nesta semana.

O número negativo em 2024 supera o seu pior ano, em 2019, quando registrou uma saída de R$ 6,4 bilhões. Sendo assim, o saldo de 2024 quebra uma sequência de quatro anos de entrada líquida de recursos.

O melhor ano do fluxo de investimentos estrangeiros na B3, até então, foi em 2022, quando o saldo foi positivo em R$ 119,7 bilhões, seguido pelo ano de 2023 com R$ 55,9 bilhões.

“Em amostras mensais, desde janeiro de 2022, registramos 10 meses com saída de recursos, sendo agosto de 2023 o pior momento, com saída de R$ 10,4 bilhões, seguido pelo mês de janeiro de 2024, com saída de R$ 7,89 bilhões”, apontou Rivero.

Ainda de acordo com o levantamento realizado, o primeiro trimestre de 2022 teve os melhores meses de entrada de recursos de estrangeiros, sendo fevereiro de 2022 o destaque, com R$ 24,3 bilhões, marcando o melhor mês da amostra.

(Fonte: Einar Rivero)

Saídas no início do ano são impulsionadas pelos mercados internacionais; o que esperar?

O motivo para tantas saídas, segundo Rafael Passos, da Ajax Asset, está lá fora. As recentes altas nos Treasuries  – as mais longas voltaram a operar acima dos 4,3%, taxa muito superior ao que já vinha sendo negociado desde novembro e dezembro de 2023 – refletem o fluxo negativo.

Essa alta no tesouro americano veio após os dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos se mostrarem ainda fortes, com salários crescendo acima da inflação, e indicadores negativos para inflação. Dessa forma, o mercado passou a “reprecificar” a curva de cortes de juros por lá.

“Por exemplo, os futuros de juros nos EUA vieram de seis cortes na virada do ano para quatro cortes hoje. Assim, esse cenário de pouso suave começou a ser repensado, o que trouxe esse reflexo mais negativo para emergentes”, explicou Passos.

O que se tem visto nesses primeiros meses do ano, segundo ele, é um ajuste e uma alocação dos gringos nesse curto prazo, após a mudança da narrativa de cortes de juros por parte do Federal Reserve.

Para os próximos meses, Passos aponta que o que vai ditar o ritmo do mercado são os possíveis  – ou não  – cortes no horizonte. “Se começarmos a ter maior sensibilidade dos cortes no segundo semestre de 2024, e até possibilidade de mais que três cortes na curva, esse fluxo tende a voltar”, analisa.

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