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Adesão do bitcoin em mercados emergentes

11 nov 2019, 14:04 - atualizado em 30 maio 2020, 15:59
O escritor e especialista Andreas Antonopoulos afirma que a adesão do bitcoin se dará de maneira progressiva (Imagem: Andreas M. Antonopoulos)

A adesão do bitcoin, afirmou Andreas Antonopoulos, escritor e defensor do bitcoin, vai acontecer de forma progressiva: vai começar nos países subdesenvolvidos e, gradualmente, com o avanço da tecnologia, infiltrar mercados desenvolvidos com novas aplicações ainda desconhecidas.

Dados da LocalBitcoins mostram que a primeira etapa desse processo já começou. Agora, o volume de negociações ponto a ponto (“peer-to-peer” em mercados emergentes e fronteiriços ultrapassa o volume do mundo desenvolvido, e não é responsável pelas flutuações de preço.

Isso foi destacado no Twitter pela Passport Capital, empresa de investimento de São Francisco, que cobriu os níveis de volume de negociações nos mercados desenvolvidos e emergentes para chegar aos resultados:

Volume da LocalBitcoins (equivalente em dólares) vs. valor do bitcoin

O volume da LocalBitcoins em Mercados Desenvolvidos (em azul no gráfico) mostra uma trajetória similar ao aumento e à queda do preço do bitcoin, refletindo a imigração de especuladores no mercado com o aumento dos preços, e a saída deles com a queda de preços.

Isso possui contraste com volume em Mercados Emergentes e Fronteiriços (em laranja), que tiveram um aumento mais estável e maiores níveis mesmo quando os preços estavam caindo.

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Uma salvação para mercados emergentes

Com liquidez limitada e um spread de alta compra/venda, LocalBitcoins pode ser um local caro para negociação, e bitcoin custa, geralmente, alguns pontos de porcentagem maiores que o preço à vista equivalente.

Apesar do gasto adicional, o volume na plataforma aumentou de menos de US$ 100 mil por semana em 2012 para cerca de US$ 50 milhões por semana da última vez. Esse número põe a LocalBitcoins no mesmo patamar de plataformas como a Bitfinex.

A Passport Capital sugere que um grande percentual de volume negociado na LocalBitcoins em mercados emergentes não é especulação, mas, por motivos práticos, eles estão mais mantendo a mesma visão de Satoshi Nakamoto do que fornecendo um sistema alternativo e descentralizado de finanças:

“Eu acho que existe especulação tanto nos mercados emergentes como nos mercados desenvolvidos. Assim, há investimento nos dois mercados. A visão abrangente é que os cidadãos dos países de mercados emergentes vejam mais utilidade no bitcoin já que têm moedas menos estáveis e menos acesso a aplicativos de fácil uso, como Venmo/SquareEnquanto os dados não comprovam isso, eu acho que ainda apoiam essa visão.”

Porém, como afirmou a empresa de investimentos, o motivo por trás dos altos níveis de negociação ponto a ponto de bitcoin, em certos mercados emergentes, não é completamente nítido, e cada país tem seus próprios motivos para aderir aos criptoativos.

Rússia, Venezuela, China, Nigéria e Colômbia são os cinco países que contribuem em 80% de todo o volume de negociações em mercados emergentes pela LocalBitcoins.

Cada um deles têm sua própria catálise para adesão do bitcoin: que vai da desvalorização da moeda até a regulações restritivas, além da falta de alternativas para remessa internacional.

Países emergentes usam o bitcoin como alternativa à alta volatilidade no preço de suas moedas centralizadas (Imagem: NewsBTC)

As negociações na China, que contabilizam 9% do volume em mercados emergentes, podem ser motivadas ou pela especulação ou pelas praticidades, e é provável que representem compradores locais se afastando de regulações restritivas locais ao negociarem diretamente em fiduciárias.

Os 37% negociados na Rússia também podem ser por conta de entusiastas em cripto que enfrentam desaprovação das autoridades.

Apesar de as plataformas on-line poderem ser acessadas do país, incluindo a própria plataforma da Rússia da Huobi, as autoridades veem a criptomoeda com maus olhos, já que o presidente Vladmir Putin avisou que as criptomoedas apresentam “sérios riscos”.

Mas enquanto a atividade peer-to-peer na Rússia e China possam ser simplesmente uma maneira de escapar das autoridades, Nigéria, Venezuela e Colômbia contam uma história diferente.

Nigéria, que possui 8% do volume, enfrentou incertezas significativas a respeito de sua moeda, naira, por conta do colapso de preços de petróleo, gerando inquietação suficiente para fazer com que os cidadãos usem bitcoin como reserva de valor.

Mercados emergentes estão ganhando a corrida da adesão de bitcoin por conta de a real necessidade, em vez da especulação, ser o direcionador para a negociação entre as pessoas (Imagem: Pixabay)

Para a Venezuela, que conta com 19%, bitcoin representa não apenas uma maneira para se desvencilhar do controle do governo do acesso aos dólares americanos, mas também para evitar a inflação catastrófica de sua moeda, bolívar.

Isso é um propósito prático que também explica os altos níveis de negociação peer-to-peer na Colômbia, que dizem ter um crescente contrabando.

Quando considerado em termos de inscrição do “Bloco Gênese” do Bitcoin — “a primeira transação de bitcoin minerada em 3 de janeiro de 2009, prestes a acontecer o segundo resgate dos bancos” —, um alívio para essas crises seria exatamente o que Satoshi Nakamoto imaginava para o bitcoin.

Mas, como sugeriu Antonopoulos, esse pode ser apenas o começo, antes de aplicações novas e antes inimagináveis serem apresentadas para a criptomoeda:

“Primeira etapa: substituir todas as máquinas de fax. Segunda etapa: fazer aplicações que uma máquina de fax nunca conseguiria fazer.”