Açúcar e etanol brasileiros vão pegar carona na alta do petróleo causada por crise EUA- Irã?
Esta deverá ser uma sexta-feira (3) meio atípica em alguns mercados internacionais. O dia prometia ser calmo, de baixa liquidez, com 2020 mais ativo a partir da segunda.
Mas o ataque dos Estados Unidos ao Iraque e a morte do comandante militar iraniano está dando potencial de alta ao petróleo e ao dólar index (na contramão de Dow Jones, em queda), pelo menos por hora.
O reflexo mais claro nas commodities agrícolas neste estágio dos negócios (10h55 de Brasília) é sobre o açúcar e, por tabela, sobre o etanol. Diante do petróleo com potencial de alta e de repasse para os preços dos combustíveis no mundo, mais matéria-prima seria desviada para etanol (que segue com potencial de competitividade e de alta na entressafra, com o governo podendo dar novo aumento à gasolina).
E o Brasil, em particular, é o fiel da balança na visão dos agentes.
Apesar de não ser mais o maior exportador de açúcar, a expectativa de enxugar mais a oferta ajuda na especulação na bolsa de Nova York (ICE Futures).
Especulação
Mas o suporte que o cru Brent em Londres pode dar é limitado e no nível da especulação de rally, sem força de fundamento que assegure uma tendência de alta, avalia Maurício Muruci, da Safras & Mercado.
Enquanto o petróleo vai e volta em torno dos 4% de alta, encostando e descendo um pouco dos US$ 69/barril, para o vencimento de março, o adoçante tenta se recuperar da forte queda de ontem. Fechou em 13.42 cents de dólar por libra-peso no dia 31 e caiu para 13.13 c/lp no primeiro dia útil do ano.
Agora, sobe mas 1,22%, a 13.29 c/lp o março.
Mas o analista também percebe que o movimento de alta hoje também está ligado à oportunidade que a queda da véspera deu aos grandes compradores mundiais, as indústrias. Se aproveitam para comprar um pouco.
Tudo com limitação de sustentação. Tanto pelo lado do petróleo – a menos que haja um caldo de crise mais longa e drástica entre Irã e Estados Unidos, podendo comprometer o fornecimento de petróleo em toda região do Golfo -, quanto pela Índia.
Para Muruci, a produção indiana pode ficar mais robusta com os reservatórios de água do país garantindo a umidade da cana, além da queda do PIB, que também limita o consumo interno da commodity e deixa mais volume disponível para as exportações (subsidiadas).