Açúcar: dois meses depois do início da colheita, começa a safra indiana de vender dificuldades para gerar facilidades
O mercado do açúcar ficou embaralhado desde a manhã desta segunda (5) com a informações sobre o suprimento da Índia, tentando fazer pressão altista em cenário global que se confirma melhor de oferta.
Mas, como todas as notícias que vêm do principal concorrente brasileiro merecem algum desconto, especialmente as altistas, os futuros de Nova York já vão perdendo o suporte visto antes, de mais 1% – está em mais 0,90%, 19,66 c/lp (13h50, de Brasília).
Os produtores locais “descobriram” só agora, com a safra 22/23 indo para pouco mais de dois meses, que deverá haver uma queda média de 7% da produção em razão de produtividade menor da cana-de-açúcar. O verão muito quente e depois chuvas em excesso seriam as causas da safra prejudicada, segundo relatos. Mais uma vez, só agora percebidos.
O analista Maurício Muruci, da Safras & Mercado, confirma que nenhum desses pontos chamou a atenção antes, mesmo dos institutos meteorológicos locais e internacionais.
Com as informações de que a próxima safra brasileira será boa, além de que no finalzinho da atual as usinas do Centro-Sul estão entregando mais commodity, os indianos aproveitam para tentar segurar os preços.
Como sempre fazem muito bem, em setor local com centenas de pequenas usinas, milhares de pequenos produtores e um sistema de estatísticas manipulável pelo governo e pelas entidades.
A Índia também alegou problemas com a safra da Tailândia, outra origem de diagnóstico duvidoso.
“Eles [indianos] começam sempre assim, para depois que o açúcar estiver todo vendido os números reais são revistos”, lembra o analista, buscando o exemplo da safra anterior, quando foram exportadas 1,7 milhão toneladas acima da cota autorizada pelo governo, o que redundou em 11,7 milhões/t.
Agora, os produtores saíram correndo para dizer que com a queda na produção, o máximo deverá ser 1 milhão/t extracota.
Uma tranche de 6,1 milhões de toneladas já foi liberada e o mercado esperaria uma segunda acima de mais 4 milhões/t. Menor que isso, seria suficiente para ajudar a manter o açúcar em patamar acima dos 19 centavos de dólar por libra-peso.