Acordo Pelosi-Mnuchin se arrasta e empurra estímulo após eleição
Enquanto a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, ainda negociam os detalhes de um pacote de estímulo de quase US$ 2 trilhões nos Estados Unidos, as perspectivas de que o auxílio seja aprovado pelo Congresso antes das eleições de 3 de novembro estão cada vez mais distantes.
O ritmo das conversas se arrasta, e a maior resistência de republicanos do Senado reduz a capacidade do presidente Donald Trump de conseguir apoio para um acordo. Agora, alguns democratas da Câmara dizem a Pelosi que não querem votar o pacote antes da eleição se o Senado não o fizer, segundo uma autoridade do partido.
Adiar a votação do pacote de estímulo para depois das eleições aumenta o risco de que o governo Trump seja menos inclinado ou capaz de aprovar um pacote com os republicanos no Senado. Isso provavelmente seria amplificado se o democrata Joe Biden vencer as eleições e os republicanos perderem a maioria no Senado – o que deixaria a decisão sobre o estímulo para a economia dos EUA para o final de janeiro, no mínimo.
Embora na quinta-feira Pelosi tenha destacado progresso para a estratégia de testes, rastreamento e vacinação para o coronavírus – uma peça-chave do projeto de lei -, os mesmos pontos críticos sobre ajuda estadual e local que arrastam as negociações permanecem uma semana e meia antes das eleições.
Trabalho das comissões
Nem o gabinete da presidente da Câmara nem o Tesouro anunciaram quaisquer discussões na quinta-feira entre Pelosi e Mnuchin. Pelosi disse que as negociações desaceleraram porque os presidentes das comissões na Câmara e no Senado se envolveram na elaboração de uma miríade de detalhes menores.
Pelosi disse que a Câmara ainda tem tempo para votar um projeto de lei de estímulo antes das eleições, mas isso depende de novos compromissos do governo. Ela reconheceu que o Senado pode não ter tempo para agir.
“Se conseguirmos um acordo, acho que podemos”, disse sobre apresentar um projeto de lei ao plenário da Câmara na próxima semana. “Não posso responder pela confusão do lado do Senado.”
O presidente de dotações do Senado, Richard Shelby, do Alabama, disse que está entre os republicanos na casa frustrados com a falta de detalhes fornecidos por Mnuchin sobre as negociações.
Meia-noite
Shelby mostrou dúvidas de que um estímulo possa ser concluído antes das eleições. “Acho que faltam cerca de dois minutos para a meia-noite e não vamos deixar passar nada até vermos os detalhes.”
Ele disse que, embora uma votação pré-eleitoral seja possível, “provavelmente não vai acontecer”.
Na noite de quinta-feira, Trump repetiu a acusação de que Pelosi “não quer aprovar” um acordo, porque isso lhe daria vantagem eleitoral. “Ela acha que isso a ajuda”, disse em seu segundo e último debate com Biden. Trump também repetiu a crítica de que os democratas querem dinheiro para que os estados e autoridades locais salvem governos democratas “mal administrados”.
Quando Biden destacou que os republicanos do Senado não querem ir frente com um acordo, Trump prometeu que, se se houver acordo, “os republicanos o aprovarão”.
Impacto econômico
O impacto sobre a economia dos EUA caso não haja acordo sobre um pacote de estímulo pode ser significativo.
Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thorton, estimou na quinta-feira que, se o Congresso não aprovar um pacote, a produção econômica no final de 2023 será US$ 1,2 trilhão menor do que se houvesse um acordo Pelosi-Mnuchin. Os níveis de emprego pré-pandemia não seriam alcançados até 2024, um ano depois do que com o estímulo.
“A perspectiva de esperar até janeiro ou fevereiro parece uma eternidade se você não puder alimentar sua família por uma semana neste momento”, escreveu Swonk em relatório a clientes.