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Acordo para ajuda a produtores de cacau entra em risco após queda na demanda

17 jul 2020, 17:05 - atualizado em 17 jul 2020, 17:05
Cacau
Agricultor em meio a plantio de cacau em Bobia, Costa do Marfim (Imagem: REUTERS/Thierry Gouegnon)

A maior queda em uma década na demanda por cacau colocou em risco um plano da Costa do Marfim e Gana para garantir uma renda mínima a dois milhões de agricultores, disseram fontes das agências reguladoras de ambos os países.

Os principais produtores de chocolate do mundo concordaram no ano passado com a proposta das nações africanas de cobrar à indústria um prêmio pelo cacau e, assim, garantir uma renda mínima a agricultores que ganham apenas 1 dólar por dia.

Mas o esquema, que deveria entrar em vigor em outubro, foi baseado em expectativas de que os preços internacionais do cacau <LCCc2> se manteriam dentro do intervalo médio em que vinham operando.

Em vez disso, o impacto da pandemia de Covid-19 sobre a demanda fez com que as cotações atingissem o menor nível em quase dois anos, e a indústria estima que o enfraquecimento permanecerá por pelo menos um ano.

“Não temos certeza de que conseguiremos garantir aos agricultores a quantia originalmente esperada”, disse à Reuters uma fonte do Conselho de Café e Cacau (CCC) da Costa do Marfim, que estabelece os preços oficiais para os produtores a cada temporada.

A fonte, que pediu para não ser identificada por não possuir autorização para conversar com a imprensa, disse que as vendas de cacau do país para a próxima temporada estão cerca de 30% abaixo dos níveis médios para este período do ano.

O CCC não respondeu a pedidos da Reuters por comentários.

Um porta-voz do Conselho de Cacau de Gana (Cocobod) disse em comunicado enviado por WhatsApp que o processo de determinação dos preços do cacau ainda está em andamento. Ele acrescentou, porém, que os agricultores ainda devem obter um preço melhor do que sem qualquer prêmio.

No ano passado, uma série de reuniões entre representantes da indústria do cacau, Costa do Marfim e Gana culminou com um acordo para o pagamento de um prêmio de 400 dólares por tonelada para todas as vendas da safra 2020/21, que começa em outubro, incluindo as comercializações antecipadas.

Mas como o mercado sofreu uma forte queda em meio à pandemia de coronavírus, com os preços passando a operar abaixo dos 2 mil dólares por tonelada, mesmo com a adição do prêmio os ganhos dos produtores marfinenses e ganeses ficaria abaixo da renda mínima garantido.

Quatro fontes dos órgãos reguladores dos países africanos, todas em condição de anonimato, projetaram que deverão faltar 120 dólares por tonelada para que a renda mínima seja atingida. Isso significaria que os agricultores registrariam um aumento nas receitas, mas muito aquém das expectativas.

Cálculos feitos pela Costa do Marfim e Gana quando o novo acordo de precificação foi fechado, há um ano, mostravam que um prêmio de 400 dólares permitiria que fosse garantido aos agricultores 70% do preço-alvo de no mínimo 2.600 dólares por tonelada a partir de 2020/21, ou cerca de 20% do que recebem atualmente.