Acordo Boeing-Embraer tem análise suspensa pela UE que aguarda dados
Reguladores europeus suspenderam a análise antitruste sobre o investimento da Boeing na Embraer, alegando que não haviam recebido informações suficientes das fabricantes de aviões.
Na investigação sobre o negócio, a Comissão Europeia alertou que o acordo pode eliminar a Embraer como a terceira maior concorrente global da Boeing e da Airbus, o que “pode resultar em preços mais altos e menos opções”.
A comissão da UE, um dos reguladores mais rígidos em relação às fusões, disse na segunda-feira que “parou o relógio” e que uma revisão só pode ser reiniciada depois de obter as respostas necessárias.
O maior escrutínio coloca nova pressão sobre o plano da Boeing de ficar com uma participação de 80% em uma nova empresa com o controle da divisão de aviação comercial e de serviços da Embraer.
O investimento, que ampliaria o alcance da Boeing no mercado de jatos regionais, permitindo o acesso à família E-Jet da Embraer, visa dar mais poder de fogo às duas empresas para competir com a Airbus, que no ano passado assumiu o controle da aeronave C Series da Bombardier, agora chamada de A220.
“As partes devem fornecer as informações necessárias para a investigação em tempo hábil”, disse uma porta-voz do órgão regulador nesta segunda-feira em comunicado. Do contrário, a comissão terá que “parar o relógio”.
Reguladores disseram no mês passado que não viam possíveis rivais da China, Japão ou Rússia que pudessem replicar o peso da Embraer na concorrência com a Airbus e Boeing nos próximos cinco ou 10 anos.
Também demonstraram preocupação de que a fabricante de aeronaves dos EUA e a Embraer sejam concorrentes diretas no segmento de aeronaves de 100 a 150 assentos, considerando a empresa brasileira uma “pequena, mas importante força competitiva” em aeronaves de 100 a 255 assentos.
Um representante da Boeing disse que as duas empresas “continuam a cooperar com a Comissão Europeia enquanto esta avalia nossa transação e esperamos uma solução positiva”.
A comissão havia inicialmente estabelecido o prazo de 20 de fevereiro para uma decisão sobre o acordo. Depois estendeu o prazo por mais 10 dias, até 5 de março, antes de a análise ser suspensa.
A Boeing e a Embraer, que já haviam adiado a meta de concluir a transação – antes esperada para 2019 – para o início de 2020, disseram que esperavam mais questionamentos quando a análise inicial da UE terminou em 4 de outubro.