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Ações poderão ser guardadas por inteligência artificial; B3 abre portas com adoção de novas tecnologias

16 fev 2023, 11:33 - atualizado em 16 fev 2023, 11:33
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Parcerias recente facilitam adoção de inteligência artificial pela B3 (Imagem: Bloomberg)

A B3, a bolsa de valores do Brasil, está no caminho de adotar a inteligência artificial como serviço de guarda da titularidade, ou posse, de um ativo – serviço chamado depositária.

Conforme a B3 anunciou nesta quinta-feira (16), irá desenvolver uma nova infraestrutura de tecnologia, 100% em nuvem, para sua central depositária. O ambiente é responsável pela manutenção e tratamento dos ativos de renda variável (ações, ETFs, BDRs e fundos imobiliários) negociados em bolsa.

O projeto será realizado em parceria com a empresa sueca Vermiculus e está previsto para ser concluído em 2025.

No ano passado, a B3 fechou parceria com a Oracle e a Microsoft para implementar os serviços de nuvem da Microsoft Azure e da Oracle Cloud Infrastructure (OCI).

Vale ressaltar que um dos serviços oferecidos pelo Microsoft Azure é o de acelerar e gerenciar o ciclo de vida dos projetos de machine learning. Ou seja, trata-se de um serviço em nuvem para quem quiser criar um modelo de inteligência artificial.

A Microsoft também vem investindo pesado na indústria de IA, sendo considerada como pioneira na “nova corrida do ouro pelas IAs” e adquiriu a OpenAI – empresa por trás do ChatGPT – por US$ 10 bilhões no ano passado.

A B3 afirma que o caminho que a empresa está tomando é o de modernização de negociação de ativos de renda variável, e planeja realizar a migração de seus sistemas para a nuvem num prazo de dez anos.

Na primeira fase da parceria, que deve durar até cinco anos, serão migrados para a nuvem sistemas que atualmente têm maior adaptabilidade a esse ambiente. É o caso de gravame de veículos, da Clearing de câmbio e do Banco B3, além de seguros, balcão, entre outros.

Já na segunda fase, o foco será no desenvolvimento de novas tecnologias para migração de sistemas onde hoje não há soluções construídas e prontas no mercado.

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Depositárias em nuvem na B3

Com a modernização da atual central depositária, implantada em 2004, a B3 terá capacidade para responder às demandas e ao crescimento do mercado de capitais nos próximos 15 anos. Esse crescimento será possível desde novos produtos e serviços até no número de investidores, emissores e ativos sob custódia.

Viviane Basso, vice-presidente de Operações – Emissores, Depositária e Balcão da B3, comenta que a plataforma em nuvem vai permitir que a empresa aplique as tecnologias mais modernas e se antecipe a um aumento de demanda e ao esperado desenvolvimento do ecossistema de investimentos no Brasil.

“A nova realidade do mercado financeiro e as perspectivas para o futuro pedem uma estrutura inovadora, com capacidade escalável, mais ágil e com suporte para depósito de novos tipos de ativos”, explica.

A executiva ainda aponta que essa evolução da depositária irá reduzir o time to market (tempo que leva desde a concepção de um produto até a sua disponibilização para venda) para novas iniciativas e demandas dos clientes da B3.

“Essa tecnologia reafirma o nosso compromisso de evoluir continuamente e atender bem a todo o mercado. É uma plataforma que estará disponível para outras infraestruturas, garantindo robustez e segurança para os participantes, como investidores, corretoras e bancos de investimento, emissores e regulador”, completa Basso.

O que é uma depositária?

Quando um investidor compra um ativo, que pode ser uma ação, um ETF, um BDR ou um fundo imobiliário, a B3 é responsável pelo controle da titularidade deste ativo, garantindo a sua existência e integridade.

O local onde esse ativo é mantido é a chamada depositária. Na prática, quando um investidor compra uma ação no pregão, após a liquidação da operação, o vendedor daquele ativo recebe o dinheiro e o comprador recebe o papel em sua “conta” na central depositária.

Ela ainda é responsável pelo histórico e consistência das informações. Ou seja, é onde ficam a quantidade de ativos por investidor, datas de transações e valores.

Na depositária também estão os processos relacionados aos ativos, como pagamento de dividendos, juros sob capital próprio (JCP), ônus e gravames, portabilidade dos ativos dos investidores, voto a distância em assembleias das companhias listadas, entre outros.

Apesar da adoção da nuvem, o objetivo é que os serviços da atual depositária continuem sendo utilizados normalmente e que os benefícios da nova plataforma sejam obtidos ao longo do tempo.

Entre os benefícios listados pela B3 estão:

  • Aumentar capacidade para receber novos investidores, emissores e ativos;
  • Possibilitar o recebimento de novos tipos de ativo, como tokens e fractional shares (frações de ações);
  • Facilitar a prestação de serviço para outras infraestruturas de mercado, garantindo robustez e segurança;
  • Aprimorar a conciliação de posições para os participantes;
  • Aumentar a tempestividade na divulgação de eventos corporativos (como dividendos e juros sobre capital próprio).

Segundo Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia e Cibersegurança da B3, a evolução da depositária faz parte do processo de transformação digital pelo qual a companhia tem passado nos últimos anos.

“A B3 tem o papel e a responsabilidade de fornecer uma estrutura capaz de atender um dos principais mercados do mundo. Por isso, estamos sempre atentos ao que há de mais inovador para os nossos clientes e parceiros. No ano passado, anunciamos uma parceria com a Oracle e a Microsoft, com objetivo de migrar alguns de nossos serviços para a nuvem e, agora, damos mais um passo importante com a depositária”, afirma Nardoni.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
leonardo.cavalcanti@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.