Ações para abril: 24 analistas selecionam os melhores papéis (e há surpresas); veja
Março chega ao fim com um gostinho amargo. Enquanto as bolsas em Wall Street bateram recorde, aqui no Brasil o Ibovespa caiu 0,7%. Os motivos são vários, mas não há como ignorar o fator Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4). Ambas as empresas caíram em meio a problemas de governança, com a segunda derretendo mais 10% em um único dia.
Mau começo?
Mas não foi só isso. Em relatório, o BTG Pactual destaca que o ano começou “claramente” pior do que o esperado para as ações brasileiras. Para sustentar a afirmação, o banco lembra que as perspectivas de cortes nas taxas de juros nos EUA azedaram, enquanto um pouco mais de pressão sobre a inflação no Brasil pode levar o Banco Central brasileiro a reduzir o ritmo dos cortes nas taxas de juros.
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Os analistas recordam um dado nada animador: os resgates dos investidores estrangeiros em ações brasileiras no acumulado do ano bateram em R$ 24 bilhões, eliminando a maioria dos R$ 38 bilhões de entradas em novembro e dezembro do ano passado.
Já a Ágora diz que o 1º trimestre de 2024 termina com o Ibovespa rondando o patamar dos 127 mil pontos, nível similar ao observado em junho de 2021, não muito distante da máxima pré-pandemia, em 2019, nos 118 mil pontos, e abaixo da máxima histórica em dezembro de 2023, aos 134 mil pontos.
Apesar disso, ressalta que a bolsa não ficou “de lado” por todo esse período. Pelo contrário, houve momentos de forte rali nos preços, como no início da pandemia, quando o índice chegou a bater na casa dos 65 mil pontos, seguido por uma recuperação expressiva, que o levou novamente para além dos 100 mil pontos.
“Ao mesmo tempo em que reconhecemos que houve períodos de oportunidades mais claras, para aqueles que preferem uma postura mais passiva (estratégia de alocação onde se busca um ganho similar ao do Ibovespa), a bolsa parece ter frustrado em termos de rentabilidade nos últimos anos”, assinala.
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A bolsa está para peixe?
O curto prazo pode não ser o dos mais favoráveis, mas fato é que a perspectiva para a queda da Selic permanece em 9% – e quando isso acontecer, investidores não terão muitas opções além da bolsa, destaca a Ágora.
“Na medida em que avançamos no ano e vamos nos aproximando de 2025, mais o investidor terá que lidar com o ambiente prospectivo de juros abaixo dos 9% – notadamente um cenário mais favorável para alocação em ativos de risco e sugestivo para alta do Ibovespa”, discorre.
Um eventual cenário de corte de juros pelo FED (o mercado imagina que haja espaço para pelo menos três cortes ainda em 2024) também poderá ser um gatilho positivo para os ativos de risco, completa.
Em terras brasileiras, um direcionador mais forte estaria no nível de atividade econômica.
“Ainda que tenhamos uma visão mais conservadora em relação ao PIB de 2024, uma eventual surpresa positiva no crescimento da economia, beneficiada no curto prazo por medidas fiscais, por exemplo, seria um impulsionador para os preços. A dúvida, neste cenário, recai sobre a sustentabilidade desta dinâmica para o PIB”, destaca.
Quais ações comprar para abril?
Para abril, uma surpresa. O Itaú (ITUB4) galgou posições, enquanto a Vale caiu em relação a março: ambas terminaram com 15 indicações cada. A empresa enfrentou problemas para definir o seu novo CEO, com uma novela que acabou com atual mandatário, Eduardo Bartolomeo, no comando da mineradora até o final do ano. Além disso, o minério de ferro, junto com a fraqueza da economia chinesa, não ajuda.
Mesmo assim, a empresa segue com boa preferência. Para a Ágora, mesmo com todos os problemas, a empresa reportou EBITDA ajustado de US$ 6,7 bilhões (alta de 50% em relação ao terceiro trimestre e de 35% em base anual), 6% acima do consenso de mercado.
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“Em geral, a empresa apresentou resultados fortes e impulsionados, principalmente, pelo desempenho operacional e a sólida geração de caixa. Assim, e após os resultados, reafirmamos a presença das ações da Vale em nossa carteira”, explica.
Os analistas dizem ainda que há riscos limitados de queda dos preços do minério de ferro, uma vez que o recuo esbarra na falta de oferta.
No caso do Santander, que recomenda a ação, a corretora também sustenta que a oferta permanece limitada.
“Esperamos preços médios de minério de ferro de US$ 105/t em 2024 contra os US$ 100/t anteriormente. Além disso, vemos a Vale negociando a um valuation atraente (rendimento de fluxo de caixa de 8% e 3,2x EV/Ebitda 2024), um desconto de 28% em relação aos pares globais”, discorre.
Itaú, por que comprar?
Para a Empiricus, a capacidade de antecipar ciclos de crédito, aumentando ou diminuindo o risco da carteira conforme o cenário, é uma habilidade que a gestão atual provou ter nos últimos anos.
“Acreditamos que a companhia deve manter a boa execução nessa frente, à medida que agora iniciamos um ciclo de queda de inadimplência no país”, discorre.
Outra boa notícia diz respeito aos dividendos. A casa lembra que após um período relevante de payout abaixo da média histórica, o Itaú aumentou a proporção do lucro que distribui aos acionistas. “Isso confere um importante carrego para a posição”, explica.
Prio não fica muito atrás…
A Prio também não fez feio. A empresa conseguiu nove indicações. Ainda segundo a Empiricus, há três pontos que o investidor deve se atentar:
- perspectiva de crescimento orgânico: expectativa de que o Ibama ceda a licença para a Prio operar em escala comercial o Campo de Wahoo nos próximos meses. Uma vez operando em sua capacidade máxima, a companhia deve aumentar sua produção em 40%;
- alavancagem operacional: à medida que a produção aumentar, os custos de extração são diluídos, melhorando a rentabilidade e, em última instância, a geração de caixa da companhia;
- potenciais aquisições, como opcionalidade: apesar de não estar no nosso cenário base, não descartamos a realização de novas aquisições por parte da companhia, principalmente considerando que o seu balanço está saudável, com baixa alavancagem financeira.
Veja as ações mais recomendadas
| Ação | Recomendações |
|---|---|
| Itaú Unibanco | 15 |
| Vale | 15 |
| Petrorio | 12 |
| Assaí | 9 |
| Cyrela | 9 |
| Localiza | 9 |
| Petrobras | 9 |
| Sabesp | 9 |
Levantamento
O levantamento do Money Times levou em consideração as informações das carteiras de ações divulgadas por 24 instituições. Para abril, foram indicadas 88 ações, somando 243 recomendações.
Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa Investimentos, BB Investimentos, Benndorf, BTG Pactual, CM Capital, Eleven, Empiricus Research, Genial Investimentos, Guide Investimentos, Itaú BBA, Levante, Mirae Asset, MyCap, Nova Futura, Órama, Planner, Rico, RB Investimentos, Safra, Santander, Terra Investimentos, XP Investimentos e PagBank.