Ações do Pão de Açúcar são boas, baratas e melhores que as do Carrefour, diz Safra
O Banco Safra iniciou sua cobertura de empresas brasileiras de varejo, comparando os dois maiores grupos de supermercados e hipermercados do país – o Pão de Açúcar (PCAR4) e o Carrefour (CFRB3). E o primeiro é, declaradamente, o favorito do Safra.
A recomendação para o Pão de Açúcar é de compra, com preço-alvo de R$ 120. Isso indica um potencial de valorização de 37% sobre o fechamento desta terça-feira (18). Já o Carrefour recebeu recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 26, representando uma alta de 18% sobre a cotação de ontem.
Guilherme Assis e Felipe Reboredo, que assinam o relatório, afirmam que “embora tanto o Pão de Açúcar, quanto o Carrefour estejam bem preparados para surfar este ciclo [de crescimento econômico], acreditamos que o Pão de Açúcar oferece valuation e dinâmicas de melhoria do retorno mais atrativos.”
O Safra acrescenta que, no curto prazo, outro fator pode “destravar” o valor da companhia controlada pela francesa Casino: sua iminente migração para o Novo Mercado da B3, o segmento com maior nível de governança corporativa e mais estimado pelos investidores.
Promoção
Com o característico humor dos relatórios de mercado, para mostrar como os papéis estariam baratos, os analistas observam ainda que, ao comprar uma ação do Pão de Açúcar, atualmente, o investidor levará três.
Isto porque, excluindo-se as fatias da empresa na rede colombiana Êxito (97%), e na Cnova (34%), o valor de mercado do Pão de Açúcar é de R$ 87 por papel, o que significa um “profundo” desconto de 13,2 vezes a relação lucro estimado para 2020 sobre preço das ações.
No caso do Carrefour, o Safra elogia o “movimento visionário” da empresa, ao investir no segmento de atacarejo em 2007, com a compra do Atacadão, e dobrar sua aposta com a aquisição, nesta semana, de 30 lojas do Makro.
Retorno
O Carrefour também apresenta um ROIC (retorno sobre capital investido, na sigla em inglês) maior que o do Pão de Açúcar, mas essa distância está encurtando, de acordo com o Safra.
Em 2016, os índices de Carrefour e Pão de Açúcar eram, respectivamente, de 22,7% e 8,8%. Agora, o Safra estima que encerrem 2019 com 14,2% e 7,1%.
Além disso, algumas estimativas do banco para o Carrefour não são tão favoráveis. Os analistas esperam, por exemplo, que nenhum incremento da margem bruta no longo prazo, mesmo com a expectativa de abertura de 136 lojas por ano, no próximo triênio.
O motivo é que o Atacadão “é uma operação relativamente madura”.
Sendo mais específico, o Safra espera mais pressão sobre as margens, devido aos investimentos do Carrefour em varejo online, bem como à política agressiva de preços no varejo físico.