Destaques da Bolsa

Ações do Carrefour (CRFB3) figuram entre as maiores altas do Ibovespa, após prévia operacional e potencial venda de lojas

23 out 2024, 12:14 - atualizado em 23 out 2024, 17:34
Carrefour CRFB3
Ações do Carrefour saltaram mais de 6% na primeira hora de negociações na B3 (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Os números da prévia do terceiro trimestre do Carrefour (CRFB3) e o anúncio de venda de lojas agradaram os investidores e as ações da companhia operam entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV) nesta quarta-feira (23). 

CRFB3 encerrou o dia com alta de 5,24%, a R$ 7,43. Na primeira hora de negociações, os papéis chegaram a saltar mais de 7%. Acompanhe o Tempo Real.



O Grupo Carrefour registrou vendas brutas de R$ 29,5 bilhões no período de julho a setembro. O crescimento foi de 4,8% na comparação anual, impulsionado, principalmente, pelo aumento nas vendas de sua principal bandeira, o Atacadão.

No segmento de Cash & Carry (atacarejo), as vendas do Atacadão totalizaram R$ 21,4 bilhões, uma alta de 8,3% comparado ao terceiro trimestre de 2023, segundo números divulgados na terça-feira (22).

As lojas convertidas do Grupo BIG para a bandeira Atacadão, que representam 12% das vendas do segmento, tiveram um crescimento de 14% nas vendas.

Além da prévia operacional, o Carrefour informou que assinou um Contrato de Compra e Venda de Imóveis com o Fundo de Investimento Imobiliário Guardian Real Estate (GARE11), da Guardian Gestora.

A transação envolve a venda de 15 lojas do Atacadão pelo valor total de R$ 725 milhões.

Como parte do acordo, a companhia firmará contratos de locação na modalidade sale-leaseback por um prazo inicial de 13 anos, renováveis por períodos de cinco anos. O custo mensal com aluguel será de aproximadamente R$ 4,8 milhões.

A operação ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa é que o negócio seja concluído ainda neste ano. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Prévia positiva, mas sem surpresas 

Na avaliação do Safra, o desempenho das vendas — em linha com as expectativas — não deve conduzir nenhuma surpresa importante nas margens para o terceiro trimestre. 

O BTG Pactual, por sua vez, espera uma melhora gradual das tendências nos próximos trimestres, apoiada pelos esforços do Carrefour para otimizar seu portfólio de lojas e pela recente recuperação da inflação de alimentos. 

Por outro lado, os analistas veem que a integração do Grupo Big deve seguir pressionando os resultados no curto prazo, principalmente em sua divisão de varejo. 

Para o Goldman Sachs, o destaque é a venda dos 15 imóveis do Atacadão. Os analistas do banco consideram a potencial transação como “um pequeno ponto positivo estratégico”. 

“Esperamos que a operação ajude a empresa a se desalavancar com um ônus de aluguel razoável, embora o tamanho seja relativamente pequeno em relação à empresa consolidada”, escrevem Irma Sgaz e Felipe Rached em relatório. 

Já para a XP, a operação também deve ter um impacto positivo para Assaí (ASAI3). 

“Esse acordo pode oferecer uma leitura positiva para a Assaí, uma vez que a empresa tem sido vocal sobre o uso de oportunidades de SLB a cap-rates atrativos para acelerar seu processo de desalavancagem, apesar de notícias recentes apontarem para um ambiente desafiador para levantar capital no segmento”, afirmam os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer. 

Carrefour: mais um desinvestimento a caminho?

O Itaú BBA também destacou a possível venda de 65 lojas das bandeiras Nacional e Bompreço — que totalizam cerca de R$ 1,5 bilhões em vendas, representando aproximadamente 1% das vendas totais do Grupo Carrefour. 

Nas contas do banco, a operação pode render entre R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão, o que reduziria a alavancagem em até 0,2x com impacto limitado no Ebitda (lucro antes do juros, impostos, amortização e depreciação. 

“Acreditamos que essas lojas operam perto do ponto de equilíbrio ou com prejuízo”, afirmam os analistas do banco. 

Para o Goldman Sachs, a operação seria “um ponto positivo estratégico”.

Na visão dos analistas, a potencial venda permitiria que a administração se concentrasse nas operações mais relevantes e potencialmente ajudaria a empresa a se desalavancar “muito ligeiramente” em meio a um ambiente de taxas de juros elevadas no futuro próximo.