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Ações do agronegócio voam solo ou ficam na cola das commodities? Saia da dúvida

19 maio 2023, 8:01 - atualizado em 26 maio 2023, 10:10
Holding Rural
Ações do agronegócio são totalmente reféns do desempenho das commodities agrícolas ou tem mais coisas a se considerar? Colunista explica. (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

No mundo dos investimentos, é interessante analisar as correlações entre diferentes ativos financeiros. E será que as ações do agronegócio ficam somente no rastro das commodities?

Imediatamente o investidor pode tentar buscar uma correlação entre as commodities agrícolas, como o milho, o boi e a soja, e as ações do setor agrícola listadas na Bolsa de Valores Brasileira (B3).

Entretanto, surpreendentemente, nem sempre esses ativos seguem um padrão tão evidente.

Portanto, tabela de correlação abaixo apresenta entre algumas empresas da B3 do setor agrícola versus milho, boi e soja dolarizadas e não dolarizadas.

Os dados da tabela são obtidos a partir do cálculo de correlação entre as variações diárias dos preços de abertura dos ativos entre as datas de 18/02/2019 a 17/05/2023, obtidos a partir da plataforma Profit Pro.

(Fonte: Profit Pro)

Enquanto as commodities agrícolas apresentam volatilidade e oscilações, as ações do setor agrícola parecem seguir seu próprio caminho, com movimentos mais estáveis e quase independentes das commodities.

Isso pode causar certa perplexidade entre os investidores, que esperam uma relação mais direta entre esses ativos.



Assim sendo as ações do setor agrícola são influenciadas por fatores como a gestão das empresas, a eficiência operacional, as perspectivas de crescimento, políticas governamentais dentre outros fatores

Por outro lado, as commodities agrícolas são controladas por variáveis mais diretamente relacionadas à oferta e demanda, como condições climáticas, safras e internacionais.

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Rodeio do agronegócio

O mercado financeiro tem se mostrado volátil nos últimos meses, principalmente com oscilações significativas nos preços das commodities.

No entanto, existem matérias-primas que entusiasmam o mercado e o investidor.

A colheita de soja bate todos os recordes, deixando os produtores animados.

E as notícias só melhoram para a safra de inverno, com uma recuperação significativa em relação ao ano passado – colheita da safra de soja 22/23.

Chegamos ao final de março com 75% da área plantada já colhida. Um ritmo um pouco mais lento do que o ciclo anterior, mas nada que possa diminuir o entusiasmo.

Portanto, o Centro-Oeste já concluiu seus trabalhos nos campos e agora é a vez do Rio Grande do Sul enfrentar o desafio.

Mas não pense que a soja é um grão qualquer, ela é uma verdadeira estrela no mercado financeiro, com preços flutuando de forma tão volátil que até as ações ficam com inveja.

No entanto, há uma luz no fim do túnel, com a expectativa de estabilizar os preços graças ao aumento da demanda por produtos à base de soja.

O investidor precisa estar atento às oportunidades de compra e venda, a soja continua sendo um dos principais ativos nesse momento.

Milho sobe ou cai?

Enquanto os preços têm se mantido estáveis nos últimos meses, com algumas oscilações aqui e ali, a tendência é que o preço do milho continue subindo feito estouro de pipoca na panela.

O motivo? A demanda crescente por alimentos à base do grão dourado está o impulsionando às alturas.

Os investidores no agronegócio, para saborearem os lucros, devem ficar de olho nas oportunidades de investimento no milho, podendo ser uma opção para “engordar” a carteira.

O mercado do milho brilhou intensamente no mês de março, com o avanço do plantio da safrinha. Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), já foram semeados 95% da área prevista.

E com condições aceitas em quase todo o Brasil, com exceção de Mato Grosso do Sul e Paraná, que foram seguidos por fortes chuvas nos meses anteriores, dificultando a vida dos agricultores.

Foi estimado uma produção nacional de 124,8 milhões de toneladas de milho, um pouco abaixo das expectativas iniciais devido à redução da área plantada, na segunda safra do Paraná.

Sinal de alerta

Contudo, o mercado deve ficar ligado, podem ocorrer ajustes e possíveis atrasos ou reduções no plantio. Importante também acompanhar o início do plantio da safra americana.

Os agentes de mercado estão ligados nas novidades, especialmente na perspectiva de uma maior área plantada de milho nos EUA e na renovação do acordo de exportação de grãos pelos portos do Mar Negro, na Ucrânia.

E tem mais no agronegócio: um destaque especial para o mercado do cereal; em março, aconteceu o estabelecimento de uma alíquota fixa do ICMS para gasolina e etanol.

Essa medida deve favorecer a paridade do biocombustível em relação ao combustível fóssil e melhorar as margens das usinas que utilizam o milho como insumo, além de colocar uma grana a mais no bolso dos produtores.

O preço do milho em Chicago, para o contrato futuro de primeiro vencimento, terminou em março com uma valorização de 4,92%.

Boi gordo é toro indomável

O mercado de boi gordo está com tudo nos últimos meses, parecendo um touro indomável em plena arena financeira.

Os preços estão nas alturas e a demanda está fervendo. O setor está se beneficiando de uma combinação explosiva:
a queda da taxa de juros,
o aumento da renda dos consumidores e as exportações em ascensão.

Com todas essas cartas na manga, o boi gordo se mostra uma opção de investimento suculento.

Março foi um mês e tanto para o mercado do boi gordo. O tão esperado fim do embargo chinês à carne brasileira trouxe um verdadeiro alívio para os agentes de mercado.

Após um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em fevereiro, a China finalmente liberou o trânsito novamente.

Churrasco na China

E vamos combinar, a China estava sedenta pela carne bovina brasileira, já que a proteína andava escassa pelo mundo afora.

A volta da China ao mercado de carne bovina brasileira foi um verdadeiro sopro de otimismo para os pecuaristas. Isso traz perspectivas de margens de rentabilidade melhores ao longo do ano.

A arroba reagiu com toda a sua força no final de março, mantendo-se estável mesmo antes do embargo. Essa estabilidade tem impulso pela escassez de oferta de gado.

Alguns pecuaristas decidiram segurar a boiada, aproveitando a boa qualidade dos pastos, esperando por preços ainda melhores.

As exportações brasileiras no primeiro trimestre de 2021 atingiram a marca de 411 mil toneladas, o segundo maior volume da série histórica para esse período, perdendo apenas para o ano de 2022.

Outra boa notícia: a queda nos preços dos grãos está favorecendo o custo da arroba engordada em comparação ao ano anterior.

Mas, atenção, agentes de mercado! Nos próximos meses, é preciso ficar de olho no aumento da oferta de gado no Brasil.

Essa abundância pode gerar uma pressão nos preços da arroba e dar um pouco mais de poder de barganha aos frigoríficos.

Dança das commodities agrícolas

O mercado de commodities agrícolas está fervendo como uma panela de pressão prestes a explodir, impactando ações do agronegócio.

A soja, o milho e o boi gordo têm sido os protagonistas dessa dança frenética, movimentando investidores e deixando todos de olho nas oscilações de preços.

Em resumo, o mercado agrícola é como uma roda-gigante em movimento constante, com altos e baixos que podem fazer os investidores se sentirem em um parque de diversões.

Mas, com informações atualizadas e um toque de humor, é possível acompanhar as tendências e encontrar as melhores oportunidades para dar um “looping” nos lucros.

Então, agarre seu chapéu de investidor, monte no carrossel das commodities e prepare-se para uma jornada emocionante rumo ao mercado agrícola. Mas lembre-se: no mundo dos investimentos, o importante é saber dançar ao ritmo das safras, dos embargos e das demandas.

E se você conseguir sorrir durante essa aventura financeira, com certeza estará mais preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades.

Afinal, quem disse que finanças não pode ser algo divertido?

*Daniel Abrahão, novo colunista do Money Times, possui mais 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e “difícil” do mercado para facilitar a vida do investidor.