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Ações de small caps ou blue chips? Saiba no que analistas apostam para a retomada da Bolsa

18 abr 2022, 11:39 - atualizado em 18 abr 2022, 12:10
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As empresas de maior capitalização, conhecidas como blue chips, já parecem refletir a trajetória de recuperação da Bolsa brasileira (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Passado um ano difícil para o mercado de ações brasileiro, o Ibovespa sinaliza um movimento mais positivo, puxado por forte fluxo de capital estrangeiro e a alta exposição do índice a commodities.

As empresas de maior capitalização, conhecidas como blue chips, já parecem refletir a trajetória de recuperação da Bolsa brasileira, com Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), empresas com maior peso no Ibovespa, acumulando valorizações de 22,3% e 20%, respectivamente.

Os bancões nacionais, que se beneficiam do cenário de elevada taxa de juros, também registram ganhos acumulados no ano, com destaque para a estatal Banco do Brasil (BBAS3) e sua alta de mais de 27%.

Apesar das sinalizações positivas, as small caps ainda parecem ficar para trás.

Segundo Vitório Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, o Índice Small Cap (SMLL) parece bem atrasado. A principal explicação para esse “atraso”, na avaliação do especialista, é a sua composição, que “afeta mais do que beneficia”.

Enquanto o Ibovespa está se beneficiando de sua maior composição em commodities, o SMLL está sendo negativamente impactado por setores que ainda não viram uma retomada mais consistente, como construção civil, varejo e tecnologia.

“A explicação de estar mais atrasado é muito por essa composição. Tem muito mais empresas small caps que sofrem com juros e inflação alta”, explica Galindo.

João Mamede, analista sênior de renda variável da AZ Quest, lembra que, desde 2021, o Brasil convive com níveis elevados de inflação, com os últimos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendendo de maneira negativa, inclusive.

Isso acabou forçando o Banco Central a iniciar um ciclo de aperto monetário mais forte, colocando mais pressão sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e afetando empresas mais expostas à economia doméstica – no caso, as small caps.

Fora isso, o fluxo de estrangeiros na Bolsa, apesar de positivo, é limitado a empresas de maior liquidez. Investidores de fora optam por empresas de maior capitalização porque, em um movimento de saída, o gargalo é menor, afirma Mamede.

Reviravolta das small caps?

Alguns gatilhos poderiam mudar o cenário das small caps.

Os especialistas concordam que uma melhora no ambiente macroeconômico poderia dar início a uma recuperação dos resultados das empresas de menor capitalização.

Mamede acredita que, com sinais de que a inflação está diminuindo, as empresas estarão situadas em um ambiente menos agressivo e devem começar a mostrar performances melhores.

Isso inclui os varejistas, para os quais o analista possui uma visão otimista.

“Muitas ações [de consumo e varejo] estão aquém do que a gente imagina que poderiam ‘performar’, justamente porque a economia ainda está andando mais devagar do que gostaríamos”, diz Mamede.

Galindo, por outro lado, acredita que o investidor deve esperar ao menos uma estabilização antes de se expor às empresas de varejo, visto que o poder de compra do consumidor continua prejudicado e a recuperação desse setor tende a demorar mais.

Small caps ou blue chips?

Entre small caps ou blue chips, não há consenso entre os analistas sobre qual categoria deve se sobressair em 2022 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Uma small cap, embora carregue o fator de maior risco, têm maior potencial de valorização que a ação de uma blue chip.

Entre uma ou outra, não há consenso entre os analistas sobre qual categoria deve se sobressair em 2022.

Galindo coloca suas apostas nas blue chips, em especial as que são ligadas a commodities.

“Essas empresas grandes, no cenário que estamos vivendo, têm para apresentar ainda desempenhos superiores”, afirma.

Segundo Galindo, as blue chips estão mais baratas que as small caps em termos de valuation e de geração de caixa.

“Eu prefiro estar posicionado em uma petro, vale, do que uma small cap de varejo, por exemplo”, diz.

Mamede sugere alguns cases de maior qualidade, que, mesmo em tempos de turbulência, tendem a apresentar melhor desempenho.

O analista acredita que, com um “cenário mais limpo” em 2023, é possível que o mercado reaja com as small caps. O potencial de valorização que Mamede enxerga para as empresas de menor capitalização é maior em comparação às blue chips.

Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, vê o momento atual como bom para investir em ações brasileiras em geral.

“Parece que está tudo relativamente barato”, comenta.

De acordo com Akamine, os investidores acabam olhando mais para as características da empresa do que o fato de ser uma small cap. Ainda assim, olhando para o panorama geral, empresas de menor capitalização parecem bem descontadas.

“Qual é o prêmio de risco de ações de menor liquidez: a gente vê como ainda interessante, mesmo tendo ajuste recente. Ainda existe prêmio de risco para você carregar esse tipo de exposição”, afirma o especialista.

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